Resenha Power Reset – Dungeon Master (2021)

Há alguns meses tive a oportunidade de resenhar o primeiro álbum do Power Reset, projeto do amigo Leonardo Oliveira, e já naquela vez fiquei impressionado com a qualidade do material apresentado. E eis que surge seu segundo trabalho, “Dungeon Master”, e o que era bom ficou ainda melhor. Tudo aqui é um avanço significativo, produção, composição, arte. Mostrando que Leonardo sabe exatamente o caminho que deve percorrer.

Começando pela linda capa, um trabalho primoroso e que seria destaque em qualquer grande banda internacional. A produção também soube captar todos as nuances de sua música, dando o destaque devido a todos os instrumentos. Já a parte lírica, como sempre, é bem acima da média, fugindo um pouco da tradição do Power Metal, investindo sim na fantasia, mas igualmente falando sobre a vida e tudo que a cerca.

Já com relação as músicas, é até difícil fazer destaques individuais, visto que nenhuma é descartável ou apenas para preencher espaço. Mas a grandiosa “Mystic Quest”, a total Power Metal “Instinctive Hunter”, a bela e sentimental “Great” e, encerrando no mais alto nível, a mais atmosférica “Night Beast” são destaques fáceis em uma primeira audição. Vale ressaltar também que, por ser uma “One Man Band”, o foco aqui é a composição, e não há muito espaço para firulas intermináveis que muitas vezes nada acrescentam a música.

Vou terminar essa resenha da mesma forma que a anterior, torcendo para que o Power Reset deixe de ser apenas um projeto para se tornar uma banda completa, singrando os verdes campos brasileiros apresentando sua música da mais alta qualidade, pois é o que todos precisamos. Ver e ouvir a verdadeira arte e cultura nacional.

Nota: 9,5

Tracklist:

1 – Into The Void

2 – Mystic Quest

3 – Instinctive Hunter

4 – Faded Dreams

5 – Angel Fly Away

6 – Scream For You Sorrow

7 – Great

8 – Dungeon Master

9 – I Can’t To Find My Way

10 – Night Beast

Entrevista com a banda Supersonic

Os anos noventa foram uma época especial para toda uma geração, e pode ser considerada a última grande explosão do rock que aconteceu em intensidade como nas décadas anteriores. Então é costumeiro bandas tentarem reviver, através de sua música, aquele tempo. Esse é o caso do Supersonic, com sua música focada no Alternativo, Punk e movimento grunge. Então, para quem viveu a época, vale a pena conhecer seu trabalho e conferir a entrevista a seguir…

Vicente – Vamos iniciar falando um pouco sobre a banda. Como se deu a formação do Supersonic?

Supersonic – A banda iniciou em 2004, no início com 4 integrantes… mas logo se tornou um Power Trio

No fim de 2009, demos uma pausa, retornando as atividades em 2017. Mas com o intuito de entrar em estúdio, para as gravações.

Vicente – E como avaliam a trajetória da banda até este momento?

Supersonic – Como todas bandas undergrounds, o começo não é fácil… sempre altos e baixos.

Mas nosso melhor momento, foi após nosso retorno em 2017… Conseguimos gravar as músicas que tanto queríamos.

E também fechamos uma quantidade bacana de shows, logo após o retorno, e com as gravações, aprendemos bastante.

Vicente – Seu último registro foi o Single “Dirty Mind”.  Conte-nos um pouco sobre o processo de gravação e composição da música.

Supersonic – Apesar da gravação ser recente, essa música é antiga, uma de nossas primeiras composições.

É uma música simples, mas com pegada forte, uma de nossas músicas mais empolgantes nas apresentações.

Vicente – Qual a mensagem que a banda quer passar com a letra de “Dirty Mind”?

Supersonic – Essa canção poderia ser uma balada, devida a letra da música na parte do refrão.

Por citar trechos de relação entre duas pessoas cobrando atenção, reclamando por não estar presente quando a outra estava mais precisando, mas optamos por ser uma música em um ritmo mais agressivo.

Mas a música é basicamente sobre reclamações, atenções e de não ter arrependimentos.

Vicente – E vocês estão em processo final de um novo disco, certo? O que poderiam adiantar sobre o mesmo?

Supersonic – Se tudo correr dentro de nossas expectativas, ainda esse ano iremos lançar um Full Álbum.

Estamos muito animados, ainda temos 3 faixas para finalizar a mixagem, e será um disco de 10 faixas, e nele também irá estar os singles já lançados.

Vicente – Aos poucos os eventos ao vivo estão retornando. Qual a expectativa da banda sobre esse retorno aos palcos?

Supersonic – Estamos muito empolgados, sem contar a ansiedade de voltar aos palcos…

O primeiro show já está marcado, será no dia 30/10 na cidade de Osasco, será um Pocket Show no Conspiração Records. E já estamos planejando os próximos eventos.

Vicente – Em poucas palavras, o que acham das seguintes bandas:

Nirvana – Uma banda que resgatou uma geração, que com a música alternativa “grunge” abriu a porta para outras bandas do gênero, mudou o mundo da música.

Green Day – Renascimento do Punk, com composições simples e marcantes, que trouxe de volta as músicas de três acordes.

Ramones – Único, eterno… Jamais terá outra banda igual.

Rancid – Punk, Punk e Punk… e Anarquia.

Smashing Pumpkins – A evolução da música alternativa. Lindas melodias, riffs marcantes.

Vicente – Por fim, deixem um recado para aqueles que curtem, ou desejam conhecer mais sobre o trabalho do Supersonic.

Supersonic – Tentamos transmitir energia e sentimentos em nossas músicas, espero que escutem, acompanhem o nosso trabalho, e se possível venham aos nossos shows, venham sentir essa energia e interagir conosco.

Resenha Empiria: Caos e Calmaria: Volume 1 (2021

O Empiria é um quarteto (inicialmente trio) goiano dos mais interessantes, cuja música é uma mistura dos mais diversos estilos musicais, com o Rock como leme, mas juntando também camadas de baião, mpb, samba, jovem guarda, entre tantos outros.

Se em alguns casos essa mistura pode acabar em indigestão, em mãos habilidosas pode se tornar uma música de qualidade. E felizmente o Empiria sabe o que faz, não simplesmente metendo um estilo em meio ao som sem indagar se ele casa com a sonoridade. Tudo é feito com cuidado e pensado para soar o melhor possível.

“Caos e Calmara: Volume 1”, começa com “Menina”, que é a música chefe do EP. Com uma grande influência da Jovem Guarda, mas com sonoridade atual e mais Rocker, é um dos grandes destaques do EP. “O Tempo”, conduzida pela guitarra e teclado hipnotizante, é uma viagem ao melhor estilo do rock psicodélico, e conta com um espetacular solo de guitarra. “Há Insatisfação” encerra o trabalho, e é mais “reta”, por assim dizer, investindo no Rock mais direto e sem grandes influências externas.

Se você não tem medo de se aventurar em outros estilos musicais, então o Empiria pode ser sua banda. E se normalmente uma mistura musical não é sua praia, talvez eles sejam uma maneira de rever sua posição.

Nota: 9

Tracklist:

1 – Menina

2 – O Tempo

3 – Há Insatisfação

Entrevista com a banda Lemori

Hoje converso com a Lemori, que conta novidades sobre a banda e também sobre como encaram a música e o futuro da mesma, mostrando que os velhos modos de consumir música talvez estejam, infelizmente, em seus suspiros finais.

Vicente – Vamos começar falando sobre o início da banda. Como se deu a formação do Lemori?

Lemori – Bom, bem parecido com outras bandas, todos os ingredientes da época eram amigos em comum, e pelo fato de todos curtirem o mesmo tipo de som, veio a vontade de ter a Lemori.

Vicente – E como chegaram ao nome Lemori?

Lemori – Tínhamos um show marcado com Rufio(EUA), rolou um convite da Empire Records, e não tinha o nome da banda. Veio Lemori, gostamos e ficou.

Vicente – Seu mais recente lançamento foi do Single “Espelho do Fracasso”. Como foi o processo de composição e gravação da música?

Lemori – Um pouco diferente, pandemia mais controlada, mais mesmo assim não íamos todos ao estúdio, a pré-produção também virtual. Mas acho que rolou legal.

Vicente – Vocês também lançaram um clipe da música. Como foi a gravação do mesmo?

Lemori – Ai foi mais tranquilo, todos vacinados, foi feito tudo no mesmo dia em um estúdio aqui em Fortaleza.

Vicente – Como analisam o atual momento, tanto musical quanto em âmbito geral, do Brasil?

Lemori – As 2 áreas estão bem complicadas, para não falar outra coisa. O rock, e não só o rock, tem cada vez mesmo espaço, artistas não se preocupam em passar um conteúdo que possa ser relevante. E a nossa política é um completo desgoverno!

Vicente – Ultimamente muitas bandas tem se voltado, ao invés do tradicional álbum completo, ao lançamento de Singles, expediente que se intensificou na pandemia. Acreditam que esse formato vai ser o mais utilizado daqui para frente?

Lemori – Acho que sim! O público não escuta mais o álbum. As playlists mudaram muito a forma de ouvir música. Somos de outra geração, achamos mais legal o EP ou álbum. Mas no momento não é a melhor escolha soltar um disco com 10 músicas de uma vez.

Vicente – Quais são as suas maiores influências na música?

Lemori – As influências da Lemori são várias Dead Fish, Beartooth, Bad Religion, Blink182, Foo Fighters e várias outras.

Vicente – Para finalizar, deixem um recado para quem curte, ou quer saber mais sobre a música do Lemori.

Lemori – Primeiro agradecer o espaço, muito obrigado, para quem curte a Lemori sempre fique ligado nas redes sociais @lemorihc e no canal do YouTube lemorioficial que ainda esse ano tem bastante coisa para vir! Quem não conhece fica o convite, vai no canal ver os clipes da banda e, se curtir, cola nos shows quando tudo estiver 100% para voltar ao normal! Obrigado.

Resenha Supersonic – Dirty Mind (Single) – 2021

A resenha de hoje é o Single “Dirty Mind”, da banda Supersonic. E o trio formado por Ricardo Alexandre Alves de Souza (voz e guitarra), Leandro Barbosa (baixo) e Ricardo Sousa Fialho (bateria e backing vocal), solta um trabalho calcado no Punk, Rock Alternativo e Grunge que explodiu nos anos 90.

Gravado no Conspiração Records e produzido por Lau Andrade. “Dirty Mind” não nega a inspiração em bandas como Green Day e Nirvana. Até mesmo a formatação da banda é idêntica às citadas. Mas também é possível pinçar resquícios do Rock Alternativo, como por exemplo o Smashing Pumpkins em seus momentos mais pesados.

O vocal de Ricardo Alexandre Alves de Souza tem uma incrível semelhança com o finado e saudoso Kurt Cobain, por isso não é exagero imaginar “Dirty Mind” dentro de um disco do Nirvana, apesar de algumas melodias puxarem muito para o Punk californiano, mostrando assim que ambos os gêneros musicais tinham muito haver um com o outro.

Se você gosta das bandas e estilos citados, pode ir firme conhecer o trabalho do Supersonic, pois tem qualidade e honestidade. O mesmo está disponível em todas as plataformas digitais via Electric Funeral Records.  

Nota: 7

Tracklist:

  1. Dirty Mind

Entrevista com a banda Docaos

Gosta de experimentalismo? Músicas que fogem do obvio, sem medo de inovar, mesmo que nem sempre tenha o resultado esperado, mas sem pestanejar em fazer algo diferente. Uma boa pedida, se for essa sua praia, é a banda Docaos, que faz um interessantíssimo som que mistura o rock com outras sonoridades brasileiras. E igualmente interessante ficou essa entrevista, mostrando que a banda tem muito a contar para seu público.

Vicente – Logo do cara o nome da banda chama atenção. Qual o motivo para batizarem de Docaos?

Por incrível que parece o nome nem chegou apartir da banda haha

Em uma ocasião estávamos todos na casa de um grande amigo da banda chamado Renan Samam que é um músico/produtor muito relevante no Hip-hop e nos ajudou muito na primeira musica demo da banda.

   Quando o Renan ouviu o nosso som e trocou uma ideia para entender as nossas referências e ideias a primeira reação dele foi soltar “Vocês são das ruas… o som de vocês é DO CAOS”, e isso soou muito forte e impactante, até pelo fato da pronuncia do português “do caos” como algo que surgiu de um caos ou o Inglês na pronuncia “Do Chaos” que também soava legal e tinha muita conexão com tudo que estávamos vivendo durante a pandemia.

Vicente – Após um longo período de incertezas durante a pandemia, agora parece haver uma sinalização de retomada, ainda que lenta, das apresentações com público. Como acreditam que vai ser esse futuro próximo para as bandas em geral?

O nosso maior anseio era este momento das coisas começarem a dar um sinal de retomada, desde o inicio a nossa maior esperança era mostrar nossas composições ao vivo pra criar conexão com o publico que acompanhou nossa trajetória. Eu (Thiago Augusto) particularmente acredito que a maior conexão que pode existir entre o autor da arte e quem a consome é ali no ao vivo. Então acredito que as bandas que conseguiram suportar todo esse período difícil vão ir com força total quando tudo melhorar.

Vicente – Vocês acabam de lançar “Escolha: Keywords”. Conte-nos um pouco sobre o processo de composição e gravação do mesmo.

Apesar de ser o primeiro lançamento da banda nos empenhamos em extrair tudo que conseguimos das nossas ideias, foi quase 1 ano o intervalo entre o inicio das primeiras composições e a gravação do EP Escolha:Keywords. Todo o processo de composição foi realizado em conjunto tanto letra quanto de estrutura musical.

Pré-produção foi realizada no meu Home Studio aqui em SP, então gravamos as demos e guias de todas as musicas que foram enviadas ao produtor Heber Geburt que acompanhou muito de toda composição das músicas. Após finalizarmos as composições decidimos junto ao produtor que para evitar maiores problemas relacionados a pandemia dividir a gravação em duas viagens, Então em outubro de 2020 realizamos a primeira viagem para gravação no estudio Orbita ST Rio de Janeiro, somente Eu (Thiago Augusto) e o Roby para gravação das linhas de bateria.

A Segunda e ultima etapa da gravação aconteceu em Novembro de 2020 e novamente fui para o Rio, dessa vez revezando os dias de gravações pra evitar a aglomeração dentro do estúdio.

Todo o processo de gravação foi absurdamente criativo e fora do comum. Gravamos trechos de Foley usando uma máquina de escrever dos anos 50 na música “The Key Is..”, trechos de Viola caipira na musica “Enredo de Fabiano em Ré Menor” e usamos pedais de guitarra como Whammy em trechos de bateria da musica “Carregue Pedras ou Construa Catedrais” e até a respiração do próprio Heber na musica “O Tamanho do Vazio” que foi captada pra dar um ar dramático devido a musica ter sido composta para a trilha sonora do curta metragem Brasileiro “Anóxia” do diretor Léo Grecco .

Outro ponto alto da gravação foi a participação mais que especial do renomado guitarrista Ed Garcia da banda de Djent Vitalism que aconteceu na musica “Samba de um Cadeado Só”.

Vicente – Seja nas letras ou na música em si, o Docaos não caminha pelo obvio. Essa foi a ideia desde o início, fazer algo diferente do que o esperado?

Sim, a maioria das letras foram escritas pelo Lucas Donato e desde o inicio a ideia de sair do obvio sempre foi um ponto de partida das composições. As letras e a forma com que elas conversam com a musica foi tudo muito pensado e discutido durante horas. O nosso maior desafio sem duvidas foi a musica “Enredo de Fabiano em Ré Menor” que partiu de uma ideia que eu tinha de compor uma musica como uma sinfonia, ou seja, com varias sessões e momentos diferentes. O Lucas escreveu um conto que narrava a historia do personagem Fabiano e sua Esposa Antônia e toda sua trajetória de imigração do Nordeste para a ‘cidade grande’ e eu tive a missão de tentar transformar o conto em canção. Levamos mais tempo pra concluir essa musica entre a composição e as sessões em conjunto pra conectar as partes da musica, mas no final o resultado foi bem surpreendente pra todos nós.

Vicente – Apesar de relativamente nova, formada em 2019, como avaliam a trajetória da banda até o momento?

Eu avalio que o resultado que conseguimos nesse lançamento foi muito maior que esperávamos. Participamos de alguns Podcasts recentemente como o PodPax onde tocamos ao vivo e o Falando em disco, o que foi bem legal, pois pudemos contar com detalhes todo o processo de criação e gravação do trabalho da banda.

Também pudemos ver nossas musicas atingindo o publico fora do Brasil, como foi o caso do canal Americano The Wolf HunterZ que fez um vídeo React da música “The Key Is…” e um musico Australiano conhecido como SpiderHands que fez um detalhado vídeo React/Review da música “Enredo de Fabiano em Ré Menor”.

Vicente – E vocês já planejam um futuro lançamento?

Sim, temos em mente algumas novidades relacionadas ainda ao EP Escolha:Keywords que planejamos lançar nos próximos meses.

Vicente – Quais são as suas maiores influências na música?

Apesar de serem inúmeras influencias diferentes para a composição do EP mantivemos bastante o pé no chão. Nossas influência vão de clássicos como Sepultura, Tool, Angra, P.O.D até sons modernos como Idles, Beartooth, BMTH, Supercombo e passeia também por outros gêneros como o caso do musico Baden Powell que foi uma grande influência Brasileira.

Vicente – Para finalizar, deixem um recado para quem curte, ou quer saber mais sobre o Docaos.

Bom, primeiramente quero agradecer nossos amigos e essa galera nova que nos conheceu pelo som e acabou se tornando amigo também, por nos acompanhar em toda essa trajetória. Pra galera meu recado dê valor a arte de uma forma geral, não somente a musica. A nossa esperança é que em breve possamos disfrutar da arte mais próximos um do outro ao vivo e esperamos que assim que a situação for realmente tranquila para shows e eventos vocês apoiem a cena local pra fortalecer os artistas. Sobre nós quem quiser conhecer um pouco mais estamos ativos no nosso instagram @docaosbr e o nosso EP Escolha:Keywords está disponível em todas plataformas digitais. Muito Obrigado Vicente e para o Whiplash também!

Resenha Lemori – Espelho do Fracasso – Single (2021)

“Espelho do Fracasso” é o novo Single da banda cearense Lemori. Que já não é nenhuma novata no cenário nacional, tendo sido formada em 2010. São três discos lançados em sua carreira e shows realizados em vários estados brasileiros.

O estilo de Lemori é aquele Hardcore Melódico que estourou no Brasil ao final dos anos noventa tendo seu auge durante o início deste século. Mas em “Espelho do Fracasso”, a banda resolveu pisar no acelerador e acrescentar ainda mais peso a sua sonoridade, até para melhor expressar a letra forte da música.

Se num modo geral a sonoridade do Lemori se parece com bandas como CPM22 e Dead Fish, certas particularidades os distinguem das mesmas. O Lemori é mais pesado, as letras são mais críticas e carregadas de protesto contra a política vigente. Isso os diferencia do estilo das bandas citadas, usando uma frase clichê, mostrando que “o furo é mais embaixo”.

Muitas bandas tem se valido desse expediente de lançar um Single ou EP em detrimento de um álbum completo. As vezes para quem é das “antigas”, como no meu caso, esse tipo de lançamento causa certa estranheza, mas também tem um lado positivo, pois assim nenhuma música é descartável, ou está ali somente para preencher espaço, como acontece muitas vezes em um disco. Tudo acaba sendo mais pensado e melhor produzido e gravado. E talvez esse seja o futuro de lançar e consumir música. Que seja sempre com a melhor qualidade possível, como a apresentada aqui em “Espelho do Fracasso”

Nota: 8

Tracklist:

1 – Espelho do Fracasso

Entrevista com a banda Hard Point

Um dos novos e grandes representantes do Stoner Rock no Brasil é o Hard Point, banda a qual acredito que ainda vamos ouvir falar muito nos próximos anos. E foi com eles que essa entrevista foi realizada, revelando mais sobre o quinteto e sua música.

Vicente – Antes de tudo, vamos falar sobre a trajetória da banda. Como foi o início de tudo e como chegaram ao nome Hard Point?

A banda surgiu pela vontade de alguns músicos que se conheciam de outras bandas, Alex, Igor e Cianci, de fazerem juntos um som mais pesado do que seus outros trabalhos. A ideia era que não só o som como as temáticas fossem mais espinhosas… o nome da banda vem daí. Chegamos a cogitar a banda se chama de “Inner Monsters” ou “Hard Question” mas resolvemos ficar com Hard Point. Queremos trabalhar, nas letras, com pontos de vista difíceis, complicados, que nem sempre são mostrados. Por isso as temáticas andam nessa onda.

Vicente – “God Talking” é o mais recente Single da banda. Como foi a composição e gravação dessa faixa?

            A criação da música veio de um riff de nosso guitarrista, Alex Carvalho em uma pegada mais “Western”, meio faroeste. O formato dela veio muito rápido, já nos primeiros ensaios, embora os detalhes mesmo tenham surgido na gravação, como é muito comum pra banda. Fizemos a gravação toda à distância pois começamos na normalidade e o período se estendeu logo depois pela pandemia adentro. Com isso a maior parte foi feita no estúdio do Igor, nosso batera.

Vicente – A música é principalmente uma crítica ao uso da tecnologia atualmente. Como surgiu a inspiração para a letra?

            Não sei se chamaríamos de crítica. Acho que talvez seja uma reflexão. A letra tem algumas brincadeiras… por exemplo, em algum momento o eu lírico fala do “Do you believe when you’re high that your life is hard?” que esse “high” pode ser tanto chapado quanto “alto” no sentido de online. Você está tão alto que está no ar, no online. A questão mais séria para a letra é que nunca estamos só. Essa temática é algo que aparece em várias letras da banda. Podem ser vozes da cabeça, fantasmas, como pode ser também os monstros que vem da tecnologia. A ideia de falar de “Deus” não é remeter a algo sagrado, e sim de fazer uma metáfora com algo que está sempre presente entre nós. Afinal, quem larga o celular? Quem está “offline”? Ninguém… ainda mais na pandemia.

Vicente – A capa do Single ficou bem interessante e inovadora. De quem foi a ideia para a mesma?

            No meio do processo de gravação nós tivemos a troca do nosso vocalista. O Cianci resolveu se dedicar a outros projetos musicais e chamamos o Emanuel Morais, Manu, para ocupar esse espaço. Com isso, ganhamos também um artista visual incrível! A capa foi toda ideia dele, do início ao fim. Acredito que esse tipo de ilustração vai ser parte do nosso trabalho enquanto banda de agora em diante também. Com sua entrada, mudamos a logo e atualizamos nossa identidade visual inteira.

Vicente – E o que podemos esperar do futuro próximo do Hard Point? Algum novo som ou disco pode estar pintando?

            Bom, fizemos uma escolha de lançar singles ao invés de cds. Temos mais uma música já gravada e com capa que pretendemos lançar nos próximos meses que vocês vão ver que trabalha com essas preocupações que contamos aqui na entrevista. Se chama “Inner Monsters” e conta com essa formação da banda.

Vicente – Como você acha que a pandemia e o seu tão esperado final vai afetar o mundo em geral, e também para a música?

            Achamos que algumas coisas não vão voltar atrás. As “lives”, as formas de lançamento de música, vieram para ficar. O consumo da música mudou muito nos últimos anos e acho que a pandemia veio acelerar e sedimentar alguns desses processos. Agora, apesar disso, estamos ansiosos para voltar a fazer shows presenciais para o público. Será um momento bem emocionante para nós. Chamem a gente pra tocar!

Vicente – Em poucas palavras, o que acham das seguintes bandas:

Black Sabbath – Uma das fundações principais do Stoner. Referência!

Cathedral – Deu uma boa base pra banda Ghost existir.

Metallica – Não tem como fazer música pesada sem conhecer todos os CDs do Metallica. Quanto mais antigo, nesse caso, melhor.

Depeche Mode – Letras pesadas, arranjos pops e muitas vezes tortos, dependendo da época. Certamente uma das fontes das nossas temáticas.

AC/DC – Metade da banda tem tatuado no corpo. Isso já fala por si só.

Vicente – Por fim, deixem uma mensagem para todos que curtem ou queiram conhecer mais sobre a música do Hard Point

            Temos muito material, muito a divulgar e estamos abertos às críticas! Cheguem mais que prometemos muita música em curto espaço de tempo e muitas questões sem respostas.

Entrevista com o produtor musical Augustto Queiroz

Normalmente as entrevistas são realizadas com os artistas e bandas, e dificilmente ouvimos as histórias do outro lado, em um trabalho tão importante quanto. O produtor musical, as vezes esquecido, é tão responsável quanto um compositor para gerar o resultado mais favorável possível em uma gravação. Dito isso, dessa vez entrevistei o produtor Augustto Queiroz, que tem boas histórias e dicas para quem quer se aventurar no outro lado da música.

Vicente – Conte-nos como surgiu a ideia de se tornar um produtor musical

Augustto Queiroz – Meu pai é músico profissional, cresci vendo-o tocar com a sua banda nos ensaios que aconteciam na minha casa. Passei a estudar piano no início da minha adolescência e de lá pra cá, tudo foi acontecendo meio que naturalmente.

Vicente – Você já teve a oportunidade de trabalhar com vários gêneros musicais. Tem algum que seja mais fácil ou difícil de produzir?

Augustto Queiroz – O que torna um trabalho mais fácil ou mais difícil não é necessariamente o gênero musical, cada um tem suas particularidades, é preciso entendê-las para se ter um bom resultado. O que realmente faz um trabalho ser difícil são as pessoas envolvidas.

Vicente – Quais as principais virtudes que acredita que um bom produtor precisa ter?

Augustto Queiroz – A principal virtude é saber ouvir, e não me refiro a ter um bom ouvido musical, e sim, a saber ouvir o que as pessoas tem a dizer sobre o trabalho. Toda opinião, por mais simples que seja, pode ser útil e contribuir com o projeto final. Além disso, também é fundamental ser educado, ter compromisso, cumprir com os prazos, ser minucioso, detalhista e proativo.

Vicente – Sem citar nomes, obviamente, mas já teve alguma banda ou artista que foi difícil de produzir, por interferência ou outro fator?

Augustto Queiroz – Já tive alguns problemas sim, tanto com artistas quanto com bandas. Na maioria das vezes o problema decorre da falta de profissionalismo ou do egocentrismo.

Vicente – Você não trabalhou muito com Metal, mas teve a oportunidade de produzir o Power Reset do Leonardo Oliveira. Conte-nos como foi essa experiência.

Augustto Queiroz – A experiência foi incrível, primeiro por poder lidar com uma pessoa que tem uma competência musical incrível, além de um ouvido muito “afiado” para identificar detalhes muito específicos no som, o que me forçava a chegar em um resultado cada vez melhor, mas também, por ter sido o meu primeiro trabalho com esse gênero musical, tive que me adaptar rapidamente, entender as características sonoras desse gênero musical, se tornando assim, um desafio enorme.

Vicente- Por ser um trabalho de uma pessoa só, acredita que tenha sido mais fácil o trabalho?

Augustto Queiroz – Não acho que o trabalho possa ter sido mais fácil por esse motivo. Quando o trabalho é feito com profissionalismo e dedicação, uma quantidade maior de pessoas envolvidas tende a ajudar mais do que atrapalhar.

Vicente – Qual seria a banda ou artista que seria um sonho produzir?

Augustto Queiroz – Essa é fácil. Teria sido um sonho trabalhar com o Pink Floyd.

Vicente – Por fim, deixe um recado para todos que admiram seu trabalho e queiram aprender mais sobre a arte de produzir música.

Augustto Queiroz – Sempre que alguém me pede para deixar um recado sobre o meu trabalho, eu costumo dizer duas coisas. Não é você quem escolhe trabalhar com música, é ela quem escolhe você. Trabalhar com música, para mim, é como se todos os dias fosse feriado, eu nunca acho que estou trabalhando.

Música é arte, mas também é muita dedicação. Como tudo na vida, para ser bem sucedido na música é necessário correr muito atrás, sempre com muita honestidade e caráter. Mas pode ter certeza que o caminho será tão prazeroso quanto o destino.

Entrevista com a banda End of Pipe

A entrevista de hoje é com a banda End of Pipe, mais uma a abrilhantar nosso Punk/Rock nacional. Aqui o baterista Victor Berretta fala sobre toda a carreira da banda e fatos curiosos, sem papas na língua, como todo bom representante do estilo.

Vicente – São 14 anos (errata) de estrada do End of Pipe. Como analisam a trajetória da banda após todo esse tempo?


Victor – Na verdade, em 2021 completamos 15 anos de estrada. Foram anos de muita correria, acertos, erros, shows memoráveis, algumas roubadas e vários sonhos realizados. Aprendemos e evoluímos bastante, musicalmente e pessoalmente e conhecemos vários amigos para toda uma vida!


Vicente- E o que esperam que o futuro traga de bom para a banda e para a música em geral no Brasil?


Victor – Esperamos seguir produzindo e lançando novos materiais e voltar, assim que possível, a fazer shows ao redor do mundo. E que continuemos a aprender e evoluir!


Vicente – Seu último lançamento foi o disco “Mass Hysteria”. Como foi o processo de composição e gravação do mesmo?


Victor – Diferente dos outros álbuns, onde várias músicas gravadas eram de um repertório “antigo”, todas as faixas do “Mass Hysteria” foram compostas para o álbum, começamos os ensaios sem quase nenhuma música pronta e após um ano de produção, tínhamos as 10 faixas.


Vicente – A sonoridade em “Mass Hysteria” é mais direta que o anteriormente apresentado pelo End of Pipe. Essa mudança foi proposital, ou aconteceu de forma natural?


Victor – Diria que ambos, como desde 2017 somos um trio, naturalmente o som ficou mais direto mesmo. Mas o “Mass Hysteria” foi um álbum onde cada detalhe foi pensado, desde dos arranjos até as letras.



Vicente – A capa do álbum ficou bem bacana, numa mistura de desenho com quadrinhos. De quem foi a ideia para a mesma?


Victor – A ideia era uma pegada bem skate anos 80, estilo Jimbo Phillips, e que representasse bem a situação do Brasil. O Uirá nos apresentou esse artista da Indonésia, eu não sei o nome dele mas o Instagram é @the_vigilante88, o cara é muito foda e fez o trampo muito rápido e ficou bem como queríamos!


Vicente – Vocês estão lançando o vídeo da faixa “Mass Hysteria”. Conte-nos um pouco sobre todo o processo de gravação desse clipe.

Victor – Todas as imagens da banda foram filmadas por nós mesmos, totalmente “do it yourself”, assim como os recortes de jornal para a letra. Enviamos tudo para a Gaby Vessoni que incluiu mais algumas imagens de “arquivo” e fez a edição, que achamos maravilhosa.


Vicente – Em todo esse tempo na música, qual foi o episódio mais insólito vivenciado pela banda em um show?


Victor – Em 2017, durante a turnê nos EUA, fizemos um show na cidade de Santa Fé, no Novo México. Chegamos no local do show e era um grande galpão com um halfpipe atrás e o público era basicamente punks, moicano, jaqueta de couro, spikes… , eram conhecidos como os punks do deserto. Ficamos um pouco receosos, pois apesar de tocarmos punk rock, nosso som é bem melódico. No fim das contas, o show foi bom, adoraram nosso som e compraram bastante merch. Após o show, iríamos dormir no próprio local, mas um punk bêbado ofereceu sua casa na cidade vizinha, Albuquerque e, após 1h de viagem, lá chegamos. O cara criava cobras, tinha vários aquários com animais peçonhentos. 

Vicente – Em poucas palavras, o que acham das seguintes bandas:

Biohazard – não é muito o tipo de som que eu ouço, mas vi ao vivo e foi um dos shows mais fodas que assisti na vida


Green Day – a banda que me fez pirar em punk rock, depois que ouvi “Basket Case” minha vida mudou. sou fã


Ramones – lendas do punk rock, quase tudo que ouvimos no estilo foi influenciado por eles


Raimundos
– tiveram sua importância para o rock nacional

Bad Religion – unanimidade no End of Pipe, todos somos fãs e é uma das principais influências da banda.


Vicente – Para finalizar, deixem um recado para quem curte, ou quer saber mais sobre o End of Pipe


Victor
– Segue a gente nas redes sociais @endofpipe, ouça nosso som nas plataformas e, se possível, compre nosso merch. Seu apoio faz toda a diferença! Apoie as bandas independentes, compartilhe o som e seja você a mudança que quer ver no mundo! Não tolere racismo, fascismo, machismo e homofobia! 

Resenha Docaos – Escolha: Keywords (EP) – 2021

A banda Docaos acaba de lançar seu primeiro EP “Escolha: Keywords”, com 6 faixas com letras para nos fazer refletir sobre o mundo em que vivemos, e de certa forma repensarmos nossas próprias vidas.

Se a alma da banda é o Rock n’ Roll, eles não se abstém de inserir outros elementos em sua sonoridade, experimentando outros gêneros em sua música, em especial a musicalidade de nosso rico Nordeste (ao menos no sentido musical essa riqueza é abundante), trazendo assim um produto interessante ao ouvinte.

Algumas faixas até tem um foco no Rock mais tradicional, como a abertura “Carregue Pedras ou Construa Catedrais”, “Right Before Me” ( que conta com um clipe muito bem produzido), ou a mais cadenciada “O Tamanho do Vazio” (grande letra), mas o destaque maior para mim fica com a narrativa de “Enredo de Fabiano em Ré Menor”, com um toque intimista nordestino e uma letra muito interessante. Talvez uma única ressalva ao trabalho realizado pelo Docaos aqui seria decidir por utilizar a língua inglesa ou portuguesa em suas letras. Pelo estilo apresentado, acredito que o português seria o ideal para expressar as ideias.

Se você prefere a segurança de um Rock mais tradicional, onde já sabe o que esperar desde o início, talvez o Docaos não seja a sua banda. Agora se gosta de novidades, e não tem medo de conhecer o novo, vai firme que não irá se arrepender de conhecê-los.

Nota: 8

Tracklist:

1 – Carregue Pedras ou Construa Catedrais

2 – Right Before Me

3 – O Tamanho do Vazio (Asfixiado)

4 – Samba de um Cadeado Só

5 – The Key is…

6 – Enredo de Fabiano em Ré Menor

Entrevista com a banda Guttroll

Se o seu chão é o Metal Extremo, você não pode deixar de prestigiar o trabalho do Power trio Guttroll, fortemente calcado no Metal old school dos anos 80, mas sem soar datado ou como uma simples cópia. O Guttroll tem personalidade própria, como pode ser comprovada nessa entrevista realizada com os membros da banda, Rafael Ojeriza, Alex Melo e Túlio Lobo. Confiram…

Vicente – Antes de tudo, nos fale um pouco sobre o início da banda. Como se deu a formação e chegaram ao nome Guttroll?

Rafael Ojeriza = Primeiramente prazer podermos trocar essa ideia com você Vicente. Muito obrigado pelo espaço destinado
Cara, nossa banda teve início de uma forma totalmente casual, em um festival de música na cidade de Petrópolis chamado Solstício do Som.
A última noite do evento é aberta aos músicos e público para fazerem jam e assim aconteceu nosso encontro, eu e Alex já havíamos tocado juntos em outras bandas e nos encontramos no evento, então chamamos um guitarrista e um baixista e assim tivemos a primeira apresentação da banda.
Devido a vibe que rolou naquela noite a gente pegou contato dos outros músicos e acabamos assim dando continuidade ao trabalho.
Depois a gente precisava de um nome pra banda e após várias e várias ideias, entendemos que precisávamos de um nome único, que não tivesse nada parecido. e assim chegamos ao nome Guttroll.
Gutt vísceras e roll de rolo e essa é a ideia de que nossa banda seja realmente um rolo visceral, tanto na sonoridade e apresentações.

Vicente – Vocês acabam de lançar o Single “Rules”. Nos conte mais sobre ele, a gravação foi totalmente analógica, certo?


Alex Melo
= Sim, gravação totalmente analógica.
Conhecemos o trabalho de Lisciel Franco em seu estúdio Forestlab por meio da internet e então aconteceu que quando estávamos compondo as músicas já discutíamos a forma que seriam gravadas e não tivemos dúvida nenhuma em gravar tudo de uma forma totalmente analógica.

Afinal os grandes discos de metal, aqueles que a galera bate cabeça de verdade todos foram feitos dessa forma, com um som tirado na unha, tirado no feeling na pressão de verdade, tocado a vera sem nenhuma firula ou modificação digital.
E a resposta que temos tido de fãs e pessoas que acompanham novidades do meio metal é exatamente a que queríamos, dizem que quando escutam nosso som, percebem que estamos ali sabe.

Isso ai não tem preço. 

Vicente – A letra de “Rules” é forte, um grito de revolta contra o sistema vigente. O quanto são importantes as letras para o Guttroll?


Rafael Ojeriza
= Ao menos atualmente não temos intuito de escrever letras abstratas, achamos realmente importante passar uma mensagem em nossas letras e também em nossos clipes.

 Não queremos que todos concordem e achem que é aquilo ali que deve ser, mas que ao menos sirva como um despertar para alguns, sirva ao menos para que possamos discutir o motivo de nossas desigualdades atuais.

Vicente – E existe a expectativa de um disco completo a ser lançado ainda este ano. O que é possível adiantar sobre o mesmo aos fãs?


Alex Melo
= Sim, nosso disco está finalizado, já estamos com a capa pronta e fizemos todos os ajustes legais necessários para lançamento.
Agora estamos em negociações com gravadoras.
O que é possível adiantar é que o disco terá 9 músicas inéditas e que estamos preparando também um clipe para que o pacote venha completo.
A ansiedade é grande tanto da gente quanto de todos que tem nos acompanhado, mas falta pouco, o certo é que até o final desse ano tudo vai acontecer.

Vicente – Como “Rules” se encaixa nesse trabalho?

Tulio Lobo = Rules foi a primeira composição da banda e por isso temos por ela um apresso enorme.

Vejo Rules como um cartão de visitas da banda.

Aquela música que vem pra abrir o caminho para as demais, vem com a pressão necessária para preparar o ouvinte para a próxima.

Vicente – Como vocês analisam o cenário do Metal nacional atualmente?
Rafael Ojeriza
= O metal nacional está cada vez mais mostrando sua força, mostrando que a arte de verdade sempre sobreviverá.

Sempre olho pra trás e agradeço a nosso precursores, gente que abriu caminho em uma época bem mais difícil que a nossa, bandas como Sarcófago, Sepultura, Overdose, Volkana, Dorsal Atlântica, Morbid Death, Pus, Ratos de Porão, Krisiun, Torture Squad entre tantas outras que nos trouxeram até aqui. 
Os festivais online de qualidade altíssima que temos assistido é de bater no peito com orgulho. Ver todo o movimento que está acontecendo é foda demais! 

Vicente – Com a pandemia, todos os setores econômicos ficaram prejudicados, mas a música foi um dos maiores prejudicados. Como vocês analisam tudo que aconteceu e o quanto foi prejudicial à banda todo esse tempo sem poder tocar?

Tulio Lobo = O pior em toda essa pandemia foi ver tantas pessoas morrerem e tantas outras passando por necessidades.

Isso é triste e lamentável para nós como humanidade.
Em relação a banda acredito que tenhamos utilizado esse tempo sem apresentações de forma positiva, pois a gente continuou compondo, estudando e se dedicando. A Guttroll não parou na pandemia.
Mesmo que em dado momento tenhamos ficado cada um em sua casa, até que pudemos voltar a ensaiar.

O ponto pior de verdade para a banda foi a gente ficar fora dos palcos, pois lá que está a verdadeira adrenalina e isso ai faz falta sempre.
A proximidade com as pessoas, as respostas que temos ao vivo, isso é insubstituível.

Vicente – Qual foi a banda ou artista que os fizeram ter interesse na música, em trilhar o caminho sempre muito difícil de fazer música pesada no Brasil?

Rafael Ojeriza = Difícil falar de um ou outro artista, a gente quando é moleque começa geralmente ouvindo os clássicos, Metallica, Megadeth, Sepultura, Cannibal Corpse, Dorsal Atlântica, Nevermore, Exodus, Kreator, Morbid Angel, Iron Maiden, Anthrax, Black Sabbath, AC/DC, Led Zeppelin, Deep Purple, sinceramente nunca tinha pensado o quanto é difícil responder a essa pergunta pois se for enumerar a gente não para mais.

Em relação a fazer música pesada nunca achei difícil, difícil é viver dessa arte como é difícil com tantas outras.

Mas acredito sim que você fazendo um trabalho sério, com dedicação, com verdade naquilo que você se propõe, pode até demorar a acontecer, mas se a base for sólida e bem construída tem espaço para todos.

Vicente – Por fim, deixe um recado para todos que curtem ou querem conhecer mais sobre a banda.

Alex Melo = Primeiramente gostaríamos de agradecer a todos que de alguma forma nos ajudaram a chegar até aqui. 

A Guttroll tem como DNA a honestidade, não estamos aqui brincando de bandinha, estamos trabalhando de verdade para entregar a nossos fãs a verdade tanto em nossas composições, letras e principalmente nosso som.
Nossa procura é poder olhar pra trás e nos orgulhar do que fizemos, sem ter dúvidas de que fizemos o melhor que podíamos fazer, sem nos envergonhar de nada!

Vicente muito obrigado meu irmão!

Esperamos você e todos os seus seguidores no mosh pit.

Resenha End of Pipe – Mass Hysteria (2020)

O power trio End of Pipe está longe de ser um principiante na música, afinal já são 14 anos de estrada e batalha no Rock Nacional. E essa experiência é facilmente perceptível no resultado de seu novo disco, “Mass Hysteria”.

“Mass Hysteria” vem com pedigree, afinal tem boas músicas, ótimo produção e mixagem e masterização realizada nos Estados Unidos, e muitos convidados que acrescentaram ainda mais ao já empolgante som da banda. E sem esquecer de citar a capa, que ficou bem interessante também.

Nesse novo disco, O End of Pipe aposta em um som mais direto, rápido, quase um Hardocore Melódico. Ou seja, está mais pesado, mas sem esquecer das melodias. Quase como se fosse uma mistura do Punk californiano que estourou no mundo na década de 90/00, com o Hardcore mais cru nova-iorquino. Tudo isso com um tempero brasileiro.

O próprio cenário político caótico dos últimos anos no Brasil é mais que um prato cheio para as letras aqui apresentadas, e a faixa-título aborda bem essa situação. Os grandes destaques aqui ficam para a citada “Mass Hysteria”, com ritmo contagiante e bom potencial radiofônico, “80 Shots” e “Call my Name” com seu ritmo California/Punk, a pesada “Get Alive”, a contagiante (bons riffs) “Chance for the World”, sem esquecer de citar a ótima “The Secret”, com um clima um pouco diferente, ao mesmo tempo melódica e um pouco mais soturna.

Acredito que falta pouco para o End of Pipe consolidar de vez seu nome no Rock nacional, e com a qualidade aqui apresentada, esse reconhecimento é mais do que justo.

Nota: 8

Formação:

Uirá Medeiros (vocal/guitarra)

Rafael Censi (baixo)

Victor Berretta (bateria)

Tracklist:

01. Mass Hysteria / feat. Félix Sebastian

02. 80 shots / feat. Emillie Plamondon

03. Get alive

04. The secret

05. Running away / feat. Frank Lacatena

06. Choose your family  

07. Change for the world

08. Lost cause / feat. Mark Vecchiarelli

09. Call my name / feat. Scott Hallquist

10. Memories

Resenha Hard Point – God Talking (Single)

“God Talking” é o novo Single da banda carioca de Stoner/Rock Hard Point, lançado neste ano pela gravadora latino americana Electric Funeral Records. E nesse caso sou suspeito de resenhar, já que o Stoner é um dos estilos que mais curto.

O problema do Stoner é que muitas bandas ficam no limiar entre o som sujo característico do estilo com a pífia produção mesmo, o que é quase como se estivessem se balançando em uma lamina entre o bom e o desleixado. Mas o Hard Point faz parte do primeiro grupo, felizmente para mim e para todos que curtem o estilo.

A música tem um clima intimista/hipnotizante durante quase toda sua duração, puxando até para um estilo Southern Rock às vezes, e traz um solo de gaita muito legal em sua metade. O vocal de Emanuel Morais também é destaque, com um timbre vocal perfeito para o estilo. E a produção conseguiu deixar o som limpo sem soar polido demais, o que ajudou e muito no resultado final.

Não é tão simples uma banda, em apenas uma música, mostrar a que veio, mas o Hard Point conseguiu isso com “God Talking”. Vale muito a pena conhecer o trabalho deles, e já na expectativa por mais material da banda.

Nota: 9

Tracklist:

1 – God Talking

Entrevista com a banda Lord of Confusion (Portugal)

A entrevista de hoje é com nossos irmãos lusitanos do Lord of Confusion. Com seu Stoner/Doom Metal de grande qualidade, estão aos poucos conquistando seu espaço em seu pais natal e também além mares. Aqui o guitarrista Danilo Sousa conta mais sobre a história da banda, confiram que vale a pena…

Vicente – Para iniciar, nos conte um pouco sobre a trajetória da banda. Como foi o começo de tudo para o Lord of Confusion?

Danilo –  A banda começou em meados de 2018 em formato de Jam Session com a Carlota (voz/teclado) e o Nelson (bateria), com o passar do tempo fomos criando músicas. Em 2019 gravamos uma Demo e percebemos que devíamos de gravar um Ep. Durante essas gravações o Fonseca(baixo) juntou-se à banda.

Vicente – Vocês já lançaram o EP Burnin Valley e o Single Witchmantia. Como vocês analisam o resultado alcançado por esses lançamento, e qual o feedback do público e da mídia especializada?

Danilo – Com o poder das redes sociais e das plataformas já alcançamos público de vários cantos do mundo. Em relação ao público com que lidamos diretamente as opiniões têm sido bastante boas e a mídia especializada também partilha da mesma opinião! Dizem que temos um som clássico, mas também refrescante!

Vicente – as músicas do Lord of Confusion normalmente são de longa duração. Vocês preferem compor nesse estilo, ou é algo natural?

Danilo – É algo natural, as músicas ficam sempre longas! Mas dentro do género musical em que estamos inseridos também não é algo que seja novidade. O fato de uma música ser longa e repetitiva tem um efeito hipnótico e meditativo no público que está a ouvir. É um aspecto que define bastante o nosso som.

Vicente – E logo mais estará saindo um novo álbum, certo? O que podem adiantar sobre o mesmo para o público? Será dentro do mesmo estilo já apresentado pela banda?

Danilo – Sim iremos lançar um álbum, mas antes iremos lançar outro trabalho. Garantimos que irá soar a Lord Of Confusion! Não podemos adiantar mais informação.

Vicente – A pandemia trouxe um revés para todos os segmentos da sociedade, mas a música foi um dos que mais sofreu com tudo. Como foi passar todo esse tempo sem poder mostrar ao vivo seu trabalho?

Danilo – Horrível e agoniante. A própria banda teve muito tempo sem se ver! Nunca tivemos tanto tempo afastados uns dos outros.

Vicente – E como está a cena para o Rock e Metal em Portugal atualmente?

Danilo – Não está bem com todas as restrições, talvez melhores dias virão.

 Mesmo assim, vão surgindo novos projetos e boa música.

Vicente –  O que conhecem sobre o Metal no Brasil. Alguma banda que curtem daqui?

Danilo – Não conheço muito, conheço os clássicos (Sepultura, Ratos do Porão, Sarcófago e outros). Conheço uma banda de Doom recente que são os Melissa e gosto do som deles.

Vicente – Qual foi a banda ou artista que os inspirou a querer tocar e compor música?

Danilo – Para mim foram os clássicos do Doom e do Rock e algumas bandas mais recentes (Black Sabbath, Pentagram, Saint Vitus, Sleep, Electric Wizard).

E também artistas com os quais tenho contato direto. Posso dizer que na minha zona temos bandas de Rock e Metal muito boas!

Vicente – Para finalizar, deixe um recado para os fãs e todos aqueles que desejam conhecer mais sobre o trabalho do Lord of Confusion?

Danilo – Se gostam de música lenta, pesada e temas sobre o desconhecido estão no lugar certo. Ouçam a nossa música, está disponível em todas as plataformas.

Keep on Dooming!

Resenha Syr Daria – Tears of a Clown (2019) / Review Syr Daria – Tears of a Clown (2019)

Engraçado que a França, conhecida, entre tantas outras coisas, pela sua musicalidade, não possui uma cena forte no Rock e Metal, com exceção do Gojira, que conseguiu quebrar as fronteiras e ser conhecido, e reconhecido musicalmente, em todo o mundo. Mas esse mundo aparentemente desconhecido nos reserva boas surpresas, como o quinteto Syr Daria nos apresenta aqui nesse álbum.

“Tears of a Clown” é seu terceiro disco de estúdio, e demonstra uma maturidade grande com relação aos anteriores. Certamente aqui o Sys Daria encontrou a mistura perfeita entre o Heavy Metal e o Thrash/Speed, que as vezes mostra sua cara em algumas faixas. É também de se destacar a ótima produção do disco, que ajuda bastante no resultado final obtido.

O disco começa com a “Maideniana” “In the End (grande melodias de guitarra), seguida pela pesada Virus (um título que se encaixa perfeitamente com nosso atual momento, mas sem esquecer que esse disco foi lançado em 2019). “Elm Street” traz um famoso personagem à tona (Freddie’s coming for you), enquanto a faixa-título conta com um refrão poderoso, sendo sem dúvida o destaque do álbum. E a primeira metade do disco encerra com a balada “Brother”, com uma letra reflexiva e belas melodias.

O peso retorna com tudo em “Mr. Gray”, com outro famoso personagem em sua letra. A primeira impressão pelo título da música que “When the Roses Faded” seria outra balada, mas não poderia estar mais errado já que se trata de uma faixa pesada e direto, com ótimos riffs. “Loser’s Club” lembra um pouco o Iced Earth em sua construção, enquanto “Red Silence” tem uma levada mais para o Groove. E o disco encerra com “Randall Flagg”, outro icônico personagem de Stephen King, e que guarda alguma semelhança com o Blind Guardian do inicio da carreira.

Por que você, ao invés de escutar pela 98º vez aquele disco do Metallica ou Iron Maiden, não resolve dar uma chance e escutar o Syr Daria? Tenho certeza que não irá se arrepender, e pode ganhar uma nova favorita em seu Playlist.

Nota: 9

Formação:

Christophe Brunner – Bateria

Thomas Haessy – Guitarras

Michel Erhart – Guitarras

Guillaume Hesse – Vocais

Pascal Husser – Baixo

Tracklist:

1.In the End04:45 
2.Virus04:01 
3.Elm Street05:01 
4.Tears of a Clown04:56 
5.Brother06:12 
6.Mr Gray03:47 
7.When the Roses Fade04:24 
8.Losers’ Club05:26 
9.Red Silence03:13 
10.Randall Flagg04:51 

It’s funny that France, known, among many other things, for its musicality, doesn’t have a strong scene in Rock and Metal, with the exception of Gojira, which managed to break borders and be known, and recognized musically, all over the world. But this seemingly unknown world holds good surprises for us, as the quintet Syr Daria presents us here on this album.

“Tears of a Clown” is his third studio album, and shows a great maturity in relation to the previous ones. Certainly here Sys Daria found the perfect mix between Heavy Metal and Thrash/Speed, which sometimes shows its face in some tracks. It is also worth noting the great production of the album, which helps a lot in the final result obtained.

The album starts with the “Maideniana” “In the End (great guitar melodies), followed by the heavy Virus (a title that fits perfectly with our current moment, but without forgetting that this album was released in 2019). “Elm Street” brings a famous character to the fore (Freddie’s Coming for You), while the title track features a powerful chorus, and is undoubtedly the highlight of the album. And the first half of the record ends with the ballad “Brother”, with reflective lyrics and beautiful melodies.

The weight comes back full on in “Mr. Gray”, with another famous character in his lyrics. The first impression by the song title that “When the Roses Faded” would be another ballad, but I couldn’t be more wrong since it’s a heavy and straight track, with great riffs. “Loser’s Club” is somewhat reminiscent of Iced Earth in its construction, while “Red Silence” has a more Groove feel. And the album ends with “Randall Flagg”, another iconic character by Stephen King, and which bears some resemblance to the Blind Guardian at the beginning of his career.

Why, instead of listening to that Metallica or Iron Maiden album for the 98th time, don’t you decide to give it a chance and listen to Syr Daria? I’m sure you won’t regret it, and you can get a new favorite on your Playlist.

Nota: 9

Formation:

Christophe Brunner – Drums

Thomas Haessy – Guitars

Michel Erhart – Guitars

Guillaume Hesse – Vocals

Pascal Husser – Bass

Tracklist:

1. In the End 04:45

2. Virus 4:01

3. Elm Street 5:01 AM

4. Tears of a Clown 4:56

5. Brother 06:12

6. Mr Gray 03:47

7. When the Roses Fade 04:24

8. Losers’ Club 05:26

9. Red Silence 03:13

10. Randall Flagg 4:51

Resenha Guttroll – Rules (Single) – 2021

Fazer a crítica de um Single é sempre mais complicado do que resenhar um disco completo, por mais estranha que essa afirmação pareça ser. O fato é que um Single, por conter apenas uma única música, nem sempre consegue apresentar todas as facetas de uma banda.

Mas “Rules” é uma porrada na orelha, e consegue mostrar que o Guttroll não chegou para brincar no universo metal brasileiro. Seu Death/Thrash Metal calcado nos anos oitenta é empolgante, lembrando até um pouco o Sepultura dos primórdios, mas sem querer copiar esse ou aquele artista. É nítido que o Guttroll deseja construir uma identidade própria, e estão no caminho certo para isso, afinal de contas “Rules” conta com riffs marcantes, peso avassalador e letras igualmente impactantes.

Talvez a única ressalva aqui contida foi na sonoridade da bateria, que poderia estar melhor gravada, visto que Alex Melo faz um grande trabalho aqui. Mas nada que afeta o resultado final de Rules.

Um novo disco, “Invalid Leaders”, deve estar chegando às lojas até o final deste ano, e ai sim poderemos conferir o real potencial do Guttroll, que certamente está deixando seus fãs em grande expectativa. E não sem razão…

Nota: 8

Formação:

Alex Melo na bateria

Tulio Lobo no baixo

Rafael Ojeriza no vocal e guitarra.

Tracklist:

1 – Rules

Entrevista com a banda Syr Daria (França) / Interview with Syr Daria (France)

O Syr Daria é uma banda muito interessante do Metal francês, e tive a oportunidade de entrevistar o guitarrista Michel Ehrart, que com bom humor nos conta mais sobre toda a trajetória do quarteto. E fica o convite para quem quiser conhecer mais sobre eles, pois vale a pena ouvir a boa música vinda do velho mundo.

Vicente – Em primeiro lugar, vamos falar sobre o início da banda. Como tudo começou para o Syr Daria?

Michel – O início da banda foi no final de 2007, os dois guitarristas, eu (Michel ERHART) e Thomas HAESSY começamos a trabalhar juntos no projeto Syr Daria com o Christophe Brunner na bateria. Rapidamente juntou-se o vocalista Guillaume Hesse, também como baixista. Em 2019, Pascal HUSSER se juntou a nós como baixista. Mesma formação desde 2007, acrescentando apenas um baixista

Vicente – Como surgiu a ideia de batizar a banda com o nome de Syr Daria?

Michel – O Syr Daria é um rio da Ásia Central, um rio que é um símbolo de poder e que existe desde o início dos tempos, e que provavelmente ainda existirá quando o homem tiver desaparecido. É um pouco como a fronteira entre o Oriente e o Ocidente e também pode ser um lugar de troca … .. Símbolo de troca e fonte de benefício para o homem … E aí o nome soa bem, né?

Vicente – Em 2019 vocês lançaram seu terceiro álbum, chamado “Tears of a Clown”. Como foi o processo de gravação e composição desse álbum, e como tem sido a recepção dos fãs e da mídia especializada?

Michel – O processo de gravar e escrever o álbum “Tears of a clown” foi bastante longo, focamos nos arranjos, acho que o som desse álbum é muito mais bem sucedido e talvez mais “moderno”. Este álbum foi muito bem recebido pela imprensa nacional e internacional, tivemos acesso a mídias de maior importância como “Rock Hard” na França, The rocktologist (EUA) e muitas outras. Acho que tivemos uma exposição melhor graças ao nosso selo “Sliptrick Records”. o fato de termos feito alguns encontros em França com o Dennis STRATTON e o grupo cover do Maiden “COVERSLAVE” colocou-nos em contato com um público mais vasto, infelizmente, como todos sabem, tudo parou no início de 2020 com a pandemia …

Vicente – As letras da banda são sempre muito interessantes, com títulos marcantes. Qual é a principal inspiração para elas?

Michel – Acho que os temas são variados e ilimitados; explorando as complexidades da psicologia humana, analisando determinados lapsos diários de tempo e até mesmo a literatura de ficção científica contemporânea. Muitas letras são inspiradas nos livros de Stephen KING.

Vicente – E quando teremos um novo lançamento. Algo que possa adiantar para o público?

Michel – Começamos a trabalhar em um novo álbum, mas é um pouco cedo para falar, será verdadeiro, SYR DARIA, heavy, trash, power … Vamos tentar lançar uma nova música ou talvez um vídeo este ano , mas o que realmente precisamos é estar no palco e tocar músicas do Tears of a clown…

Vicente – e como está o cenário do Rock / Metal na França atualmente?

Michel – Com relação à cena Rock / Metal na França, a situação não é tão divertida, temos sorte porque estamos morando no leste da França, então temos alguns promotores aqui que estão trabalhando para essa cena e estamos na fronteira com a Alemanha e Suíça, tantos shows de Metal acontecem naquele país, estamos muito próximos então podemos ter algumas oportunidades de ver várias bandas e algum dia tocar. A França não é realmente um país de Rock / Metal, mas as pessoas e alguns promotores deram o seu melhor por essa cena, podemos ter bons momentos no palco na França e na frente da cena por sinal também. ..Talvez algo esteja começando a mudar, com bandas como Gojira, que agora é uma banda internacional e toca em todos os grandes festivais ao redor do mundo, isso é uma coisa muito boa para a cena do Metal francês.

Vicente – O que você conhece da cena musical do Brasil, alguma banda que você gosta?

Michel – Achamos que a cena do metal brasileiro é muito ativa, podemos citar Sepultura, Angra, e se eu assisto um vídeo do “Rock in Rio” eu posso ver a intensidade do público, é absolutamente fantástico, vocês têm muita sorte!!

Vicente – Nesses anos de estrada que a banda teve, qual foi o fato mais inusitado que aconteceu em um show do Syr Daria?

 Michel – Bem, se falamos sobre momentos negativos, meu amplificador quase queimou duas vezes … Para momentos engraçados, incomuns, não sei … Talvez autografar seios 😉 (talvez não seja realmente incomum 😉 Não, sério, para nós, uma pequena banda de heavy metal, é por exemplo abrir para o Scorpions em frente a 10.000 pessoas, isso foi muito bom !!

Vicente – Qual foi aquela banda ou músico que te fez querer trilhar o sempre complicado mundo da música?

Michel – São tantas bandas e músicos que nos dão boas vibrações e nos inspiram… Para mim, Iron Maiden, desde os 14 anos, mas muitos outros, para nós, foram também algumas bandas locais ou amigos músicos que nos deram o desejo e a fé para tocar e ouvir Metal.

Vicente – Por fim, deixe um recado para quem gosta e para quem quer saber muito mais sobre a música do Syr Daria

Michel – Se você gosta da música do Syr Daria, nosso único desejo é compartilhar com você no palco, a comunhão com o público é a coisa mais bonita que existe para um grupo, fazemos música para quem quer ouvir, o que mais você poderia pedir para?! Vá a shows e apoie suas bandas locais em todo o mundo e divirta-se, e se estiver conosco, ainda melhor 🙂

Vicente – First of all, let’s talk about the beginning of the band. How it all did begins for Syr Daria?

Michel – The beginning of the band was at the end of 2007, the two guitarists, me (Michel ERHART) and Thomas HAESSY started to work together on the Syr Daria project with Christophe Brunner on drums.

Quickly joined by the singer Guillaume Hesse, also as the bass player. In 2019, Pascal HUSSER joined us as the bass player.

Same line up since 2007, only adding a bass player

Vicente – How did you come up with the idea of naming the band with the name Syr Daria?

Michel – The Syr Daria is a central Asian river, a river which is a symbol of power and which has been there since the dawn of time and which will probably still be there when man has disappeared. It is a bit like the border between East and West and can also be a place of exchange…

.. Symbol of exchange and source of benefit for the man … And then the name sounds good, right?

Vicente – In 2019 you released your third album, called “Tears of a Clown”. How was the recording and songwriting process of this album, and how has the reception from fans and the specialized media been?

Michel – The process of recording and writing the album “Tears of a clown” was rather long, we focused on the arrangements, I think the sound of this album is much more successful and maybe more “modern. “. This album was very well received by the national and international press, we had access to media of greater importance such as “Rock Hard” in France, The rocktologist (USA) and many others. I think we had better exposure thanks to our label “Sliptrick records”. the fact that we did a few dates in France with Denis STRATTON and the Maiden cover group “COVERSLAVE” brought us into contact with a wider audience in the most beautiful way, unfortunately, as everyone knows, everything stopped at the beginning of 2020 with this pandemic …

Vicente – The band’s lyrics are always very interesting, with outstanding titles. What is the main inspiration for them?

MicheI – think the themes are varied and limitless; exploring the complexities of human psychology, analyzing particular daily lapses of time and even contemporary sci-fi literature. Many lyrics are inspired from Stephen KING books ..

Vicente – And when will we have a new release. Anything that can help the public?

Michel – We started to work on a new album but it’s a little  too early to speak about, sur, i t will be «true « SYR DARIA », havy, trash, powerfull… We will try to give a new song or maybe a video this year, but that we really need is to be on stage and play « Tears of a clown » songs …

Vicente – and how is the scene for Rock/Metal in France currently?

Michel – Concerning the Rock/Metal scene in France , the situation is not so fun, we’re lucky because we are living in East of France, so we have some promoters here who are working for this scene and we are on the border of Germany and Switzerland, so many Metal concerts takes place in those country, we are very close so we could have some opportunities to saw many bands and sometime to play .

France is not really a Rock/Metal country, but people and some promoters done their best for this scene, we can have some good time on stage in France and in front of the scene by the way also .

..Maybe something beginning to change, with band like Gojira, which is now a international band and play in all bigS festival around the world, this is a really good thing for the french Metal scene .

Vicente – What do you know about the music scene in Brazil, any band you like?

Michel – We think the Brazilian metal scene is very active, we can mention Sepultura, Angra, and if I watch a video of “Rock in Rio” I can see the density of the audience, it’s absolutely fantastic, you have a lot luck !!

Vicente – in these years on the road that the band has had, what was the most unusual fact that happened at a Syr Daria concert?

Michel – Well if we spoke about negativ moments, my amp almost burned twice

… For funny times, unusual, I don’t know… Maybe sign on boobs 😉 (maybe not really unusual 😉

No, seriously, for us, a small heavy Metal band, is for example to open for Scorpions behind 10000 people, that’s was really great !!

Vicente – What was that band or musician that made you want to tread the always complicated world of music?

Michel – There are so many bands and musician who give us good vibes and inspired us … For me, Iron Maiden, since I was 14 but many others, for us, it was also some locals bands or musiciens friends who give us the desire and the faith to play and listen Metal .

Vicente – Finally, leave a message for those who enjoy it and for those who want to know much more about Syr Daria’s music

Michel – If you like Syr Daria music, our only desire is to share it with you on stage, communion with the public is the most beautiful thing there is for a group, we make music for people who want to hear it, what more could you ask for ?! Go to concerts and support your local bands all over the world, and have a good time, and if it’s with us, so much the better 🙂

Entrevista com a Banda Violencia Cega (Bahia)



A entrevista de hoje é com a banda baiana Violencia Cega, cuja resenha de seu mais recente album, “Vida Suja Insana” foi publicada poucos dias atrás aqui mesmo.

Formada por Chris (vocal), Ruebster (bateria), Raed (guitarra), Vitor (baixo), o quarteto é um dos pioneiros do Horror Punk na Bahia, e aqui contam mais sobre a trajetória da banda e sobre o disco “Vida Suja Insana”.
 
 
Vicente – Vamos começa falando sobre a formação da banda. Como foi o início de tudo e como chegaram ao nome violência Cega? 
 
Violência Cega – A banda começou em meados de 2007 com Chris Gomes e Ruebster Assis. À época, contava com uma formação diferente: Ruebster Assis na guitarra, Ivan na bateria, Marcos no baixo e Chris Gomes nos vocais. Essa foi a primeira formação da Violência Cega. O nome surgiu de maneira inusitada, veio através de uma resenha com o nosso atual batera e o primeiro baterista durante um ensaio. A banda ainda não tinha nome, então Ruebster Assis estava tocando bateria e o Chris disse: “Que violência cega pra tocar desse cara!”. E o nome pegou.
 
 
Vicente – A banda é conhecida principalmente pelo estilo Horror Punk. Essa foi a proposta da banda desde o começo?
 
Violência Cega –  Não. No começo tínhamos uma proposta mais Thrash punk/Crossover. O horror punk veio depois.
 

 
Vicente – Vocês lançaram seu segundo disco ” Vida Suja Insana “. Nos conte um pouco como foi todo o processo de composição do mesmo. 
 
Violência Cega – As letras do disco foram compostas em sua maior parte pelo Ruebster Assis. Todos vocais do disco foram gravados em casa. O instrumental (guitarra, baixo e synths) foi gravado por Raed, que também fez todo processo de mixagem e masterização. O processo de composição das músicas começou em meados de 2019, sendo finalizado no início de 2020. A pré-produção do disco foi feita em Belo Horizonte, no estúdio da KGC. As composição ganharam uma maior qualidade com o toque do Raed, com a entrada do Vítor Mendes “Vader” ganharam uma nova vida.
 
Vicente – Vida Suja Insana teve a produção Do guitarrista Raed acreditam que todo esse processo ficou mais fácil, já que tudo ficou em “casa” por assim dizer?
 
Violência Cega – Com certeza foi uma experiência incrível! Ficou muito mais fácil todo o processo pra banda, Raed é um profissional dedicado e muito criativo, está sempre de olho no que é tendência, novidades no que diz respeito à produção. Também é um letrista e músico excepcional.
 

 
Vicente – Qual acreditam ser a principal diferença entre o ” Vida Suja Insana ” e o Debut?
 
Violência Cega –  A Principal diferença entre o “Assim Começar O Terror ” e o ” Vida Suja Insana”. Passa muito pelo processo de criação. Foram processos totalmente diferente, e isso que a gente gosta estamos sempre buscando desafios.
 
 
Vicente – Com a pandemia, todos o setores econômicos ficaram prejudicados, mais a música foi um dos mais prejudicados. Como vocês analisam tudo que aconteceu e o quanto foi prejudicial a banda sem poder tocar. 
 
Violência Cega – A pandemia nos afetou bastante. Não pudemos fazer shows para a turnê do álbum Vida Suja Insana e ficamos bastante tempo sem ensaios e reuniões. Aos poucos estamos voltando às atividades e esperamos que logo mais tudo isso passe completamente para que voltemos completamente à ativa. Estamos loucos para voltar aos palcos.
 
Vicente – Em poucas palavras o que acham das seguintes bandas:
 
Ramones = Referência, influência, Representa uma geração.
 
Misfits = Atitude, Pais do Horror Punk, uma banda além do seu tempo.
 
Raimundos = teve sua importância dentro do rock nacional.
 
Zumbis do Espaço = Foi quem trouxe o horror punk ao público brasileiro uma lenda do punk Rock nacional.
 
Vicente – por fim deixe um recado para todos que curtem ou querem conhecer mais sobre a banda. 
 
Violência Cega – Nós somos a Violência Cega estamos em todas as plataformas digitais. Sigam-nos em todas redes sociais: @violenciacega. Se inscreve no nosso canal do YouTube! pra quem já conhece e curte nosso som, valeu a todos vocês, sem vocês a Violência Cega não é nada.

 

Resenha Violencia Cega – Vida Suja Insana (2021)

A alegria de uma sexta-feira chegando merece um bom som, e a pedida de hoje é o novo álbum da banda baiana Violência Cega, intitulado “Vida Suja Insana”.

O Violência Cega é conhecido pelo Horror Punk, estilo que as vezes fica marginalizado dentro do Rock e Metal, mas que sempre traz bons trabalhos e, por que não, boas doses de diversão, pois o humor negro é a tônica desse gênero musical. E a própria capa é um destaque nesse sentido.

Produzido pelo guitarrista Raed, “Vida Suja Insana” traz nove faixas rápidas e certeiras, com duração total de apenas 22:40, ou seja, é terminar de ouvir e colocar para tocar novamente. E, como falado, as letras são um dos destaques aqui, abordando tanto temas non-sense como em Madrugada dos Mortos Vivos e Horror & Punk, como temas sérios em #6umero6a6esta (critica a religião) e Charles (com uma forte critica a sociedade e o sistema)

A sonoridade, apesar de apostar primordialmente no Punk e no Rock n’ Roll, em algumas faixas carregam algo mais pesado, como no ritmo quase Doom de Horror & Punk , o Hardcore de M4t4r ou M0Rr3r, e até um estilo mais Pop/Punk em Cidade Maldita, sem contar o vocal de Chris, que aposta numa vocalização mais gutural, dando um contraste com o som instrumental em determinados momentos.

O resultado final de “Vida Suja Insana” é muito interessante, e é bom ficar de olho no Violência Cega, que acredito que ainda irá nos surpreender muito no futuro. Assistam também o vídeo da faixa “Charles”.

Nota: 8,5

Formação:

Chris (vocal)

Ruebster (bateria)

Raed (guitarra)

Vitor (baixo)

Tracklist:

  1. #6umero6a6esta
  2. Madrugada dos Mortos Vivos
  3. M4T4r ou M0Rr3R
  4. 3Rro!
  5. Horror & Punk
  6. Cidade Maldita
  7. Charles
  8. Vida Suja Insana
  9. Onde o Diabo Fez a Curva

Resenha Controlled Test Environment – Untouchables (2021)

O Controlled Test Environment são meus conterrâneos gaúchos, nascida na Grande Porto Alegre em 2018, e é daquele tipo de banda que não tem medo de experimentar, de fugir do lugar comum para assim alcançar o ouvinte com sua música.

Formada por Jorge Martins (guitarra), César Trajano (bateria) e Julio Castro (vocal), acabam de lançar o single intitulado “Untouchables” em todas as plataformas de streaming. É o segundo lançamento do tipo, já que no ano passado haviam lançado “Time Decode”, isso sem contar o cover de “Army Me” da Björk, mostrando que o ecletismo sempre fez parte dos planos da banda.

E “Untouchables” é justamente isso: é experimental, é imprevisível, é alternativa, englobando vários estilos do Rock, sem se prender a gênero algum. E esse tipo de liberdade pode não agradar ao roqueiro mais tradicional, mas tem tudo para chamar a atenção daquele público que gosta de ser surpreendido. Começando por um Rock mais lisérgico em sua primeira metade, e mudando o foco para algo mais calmo em seu interlúdio, voltando ao elétrico em seu final. Seus 5 minutos parecem ter uma duração bem maior, o que é mais uma demonstração da qualidade do trabalho.

Daí quem estiver lendo essa resenha vai pensar “Poh, o cara fica elogiando tudo e dá uma nota sete para o trabalho?” A verdade é que não há como avaliar um Single da mesma forma que se avalia um disco completo. Mas é certo que, se o Controlled Test Environment conseguir transportar a qualidade aqui contida em um Full Lenght, certamente teremos mais uma grande banda nas fileiras do Rock nacional.

Nota: 7

Tracklist:

  1. Untouchables

Link: https://album.link/s/3ojaaD5Igc7TFbz0lGrPMD

Resenha No Gabiru – Vai Ser Pra Sempre(EP) – 2021

No Gabiru é um projeto capitaneado pelo Thiago Ferraz, que em “Vai Ser Pra Sempre” é responsável pelas guitarras e vocais, sendo que o baixo/bateria ficaram por conta do Gabriel Foloni. E esse EP tem tudo para fazer a alegria de quem gosta de Pop-Punk, Hardcore Melódico.

Esse estilo teve seu auge aqui no Brasil durante os anos 90 e 2000s, mas ainda possui fãs fervorosos em todo o pais. E esse público precisa conhecer o trabalho do No Gabiru.

“Vai Ser Pra Sempre” conta com 4 faixas de grande qualidade, numa produção exemplar do próprio Gabriel Foloni. E já começa muito bem, com “Tacos e Plantas”, com um refrão marcante, enquanto “Sem Entender” puxa muito para o CPM22 dos áureos tempos. “Dentro dos teus Braços” tem uma pegada mais direta, e com riffs empolgantes é um dos destaques aqui. E tudo termina com “Uma Chance” com boas melodias e um refrão “ganchudo”.

É certo dizer que o No Gabiru passou, e bem, pelo seu primeiro teste, e está pronto para voos maiores. Agora só depende deles manterem o alto nível aqui apresentado em um futuro lançamento.

Nota: 8

Tracklist:

  1. Tacos e Plantas
  2. Sem Entender
  3. Dentro dos teus Braços
  4. Uma Chance

“Vai ser pra sempre”:  https://album.link/s/02hg8x4GEl9ixVwv2iywuC

Resenha 7Peles – O Segundo Evangelho do 7Peles (2020)

Para o ouvinte menos atento, o 7Peles pode vir a parecer somente mais uma banda de Black Metal. Mas a verdade é que o grupo carioca vai muito além dessa simples denominação.

Se na concepção visual e lírica a banda pode se enquadrar nesse gênero, a sonoridade engloba muitas influencias mais. O 7Peles é Death, é Doom, é Metal tradicional. Ou poderíamos dizer que o 7Peles é, simplesmente, o 7Peles.

As letras, abordando passagens bíblicas fazendo uma releitura provocativa, não passam incólume para quem escuta sua música, Elas são feitas para chocar e trazer uma reação, e são muito bem sucedidas em seu intento.

É até difícil fazer destaques individuais em “O Segundo Evangelho do 7Peles”, pois é daqueles álbuns que mantem o nível lá no alto durante toda sua execução e, o mais importante, a gente nunca sabe o que a próxima faixa vai trazer. Mas é impossível deixar de citar o tom épico de “Menage de Lameque”, o riff empolgante de “Redenção”, a pesada “Tempo dos Templos” (com participação de Ghul do Mayhem) e fecha com chave de ouro com “Dilúvio”.

Em breve o terceiro capítulo dessa história estará sendo lançado, e a expectativa pelo mesmo é grande, assim como a responsabilidade de continuar fazendo um trabalho de alto nível. E tenho convicção que o 7Peles não vai nos decepcionar.

Nota: 9

Tracklist:

1.Ménage de Lameque 
2.O Martelo Chama 
3.Redenção 
4.Tempo dos Templos 
5.Mestres da Lei e Fariseus 
6.Apocalipse 1:7:1 
7.O Dilúvio 
8.The House of the Rising Sun

Resenha Power Reset: My Perfect World (2020)

Power Reset é um projeto de um homem só, e o faz tudo aqui atende pelo nome de Leonardo Oliveira. Sei que muitos ficam com o pé atrás de conhecer melhor quando uma única pessoa é responsável por todo instrumental e vocais, mas nesse caso em questão essa preocupação é a toa, pois Leonardo faz um trabalho fantástico tanto instrumental quanto vocal, este um pouco mais contido que o às vezes tradicional arrombo de grandiosidade de alguns cantores do gênero, casando bem com a proposta sonora do projeto, trazendo assim um resultado muito acima do esperado.

“My Perfect World” começa com “Last Prophecy”, tradicional faixa de abertura que esbanja um Power Metal poderoso e melódico, sendo que “Premonition” é uma continuação do estilo, mantendo o nível do trabalho elevado. “Illusion of Time” não esconde que uma das inspirações de Leonardo é o Helloween, principalmente nas guitarras, enquanto “I Love You So Much” é uma balada levada ao piano carregada de emoção, como todas as baladas deveriam ser.

A faixa-título traz uma combinação interessante de peso e melodia, criando uma sonoridade única. Se “Take My Hand” é a mais pesada em “My Perfect World”, “So All Alone” é mais uma Power balada muito bem executada. E “Gates to the Cyber Land” fecha tudo com chave de ouro, carregando uma aura do Viper da época do “Theatre of Fate” em suas melodias.

Fazendo um trocadilho infame com o nome do disco, em um mundo perfeito o Power Reset nunca seria apenas um projeto, mas sim uma banda rumando ao reconhecimento de todo apreciador de boa música. Quem sabe o futuro não seja assim?

Nota: 9

Tracklist:

1. Last Prophecy

2. Premonition

3. Illusion of Time

4. I Love You So Much

5. My Perfect World

6. Take My Hand

7. So All Alone

8. Gates to the Cyber Land

Entrevista com a banda 7Peles

A entrevista de hoje é com a banda 7Peles, mais uma grata surpresa do Metal nacional, que apesar de todas as mazelas, continua a criar bandas que trazem orgulho a nosso combalido país.

Aqui a voz do 7Peles fala sobre a banda, e o que o futuro reserva a eles, mostrando que profissionalismo é essencial para o sucesso de qualquer grupo em qualquer gênero, além, é claro, do amor pelo que faz. O feriado pagão nunca mais será o mesmo…

Vicente – Como foram os primeiros passos da banda? E como chegaram ao nome 7Peles?

7Peles – Seja bem-vindo irmão, antes de mais nada o 7PELES gostaria de agradecer muito pelo espaço cedido, a oportunidade de levar um pouco da palavra a todos nossos irmãos e irmãs através desse canal. Bom…hoje compreendo que o 7PELES surgiu através de um amadurecimento, que veio ao longo das minhas experiências musicais já em outras bandas das quais participei, associado a um processo, de certa forma longo, de solidificação de nossa formação. O nome surgiu de forma natural, em português, uma vez que já fazia parte do plano as composições em nossa língua…no começo apenas nos refrãos ou em algumas frases de efeito até chegarmos ao formato de hoje, onde tudo é em português. Um nome FOLCLÓRICO, POPULAR, para o diabo…nada mais justo.

Vicente – Vocês lançaram em 2020 seu segundo álbum, “O Segundo Evangelho do 7Peles”. Como se deu todo o processo de composição e gravação do mesmo, e qual acredita ser a principal diferença deste álbum para o debut?

7Peles – O SEGUNDO EVANGELHO DO 7PELES lançado no feriado pagão de fim de ano de 2020, veio pouco mais de 1 ano, apenas, após o debut …ou seja, relativamente rápido porém com características agora bem mais definidas. Isso se deve exatamente às mudanças na formação, o que criou sem dúvidas a principal diferença pro debut…uma vez que não estávamos mais presos a um rótulo, um gênero apenas, pois agora tínhamos além da liberdade criativa a capacidade de desenvolver nosso estilo.

Vicente – “O Segundo Evangelho do 7Peles” não se prende apenas a um estilo musical, passeando por vários gêneros do Metal. Essa foi a intenção desde o princípio da banda?

7Peles – Com certeza era exatamente isso que eu tinha em mente desde o início, faltava apenas solidificar a formação com quem compartilhasse desse mesmo sentimento…não ser apenas mais uma banda de um determinado estilo, que usa as mesmas referências sempre, como um eterno revival de algo que já existiu ou existe ainda. Se tornando sempre algo comparável.

Agora é o 7PELES, e o estilo 7PELES de fazer metal.

Vicente – A capa do disco também chama a atenção. De quem foi a ideia e o responsável pela mesma?

7Peles – Todo o processo de gravação,  produção,  mixagem,  masterização, assim como toda a parte gráfica do álbum também ,foram feitas pela mesma pessoa …nosso grande irmão daqui do Rio de Janeiro,  THIAGO FREITAS, proprietário do THAF Studios aqui na zona oeste do Rio… uma pessoa realmente muito dedicada e aplicada naquilo que se propõe a fazer,  que conseguiu absorver todas as ideias que eu tinha em mente e concretizar no material físico,  a própria arte da capa é um exemplo disso…passei a visão que eu tinha pro lance e ele executou com maestria.

Vicente – Qual a principal inspiração para as letras do disco?

7Peles – Talvez, aqueles irmãos que nos acompanham mais de perto já tenham percebido qual é a jogada nas letras …são todas passagens bíblicas!!!!!

O 7PELES está fazendo uma releitura do velho livro!!!

Assim como os falsos profetas o usam para enganar, explorar a boa fé do povo, através de suas interpretações, nós também estamos usando para contra ataca-los…combatendo fogo com fogo!!!! Nada deixa um crente mais puto da vida do que ser contra argumentado com as mentiras do velho livro…nada!!!! Você querer tratar de ciências, filosofia, com esse povo é perda de tempo…são negacionistas até de uma pandemia que assola o planeta…planeta esse que de acordo com eles é plano até, hahahahahahahahahahaha.

Então estou dando uma dose do próprio veneno a eles…nossa igreja trará a luz do conhecimento para o livro das mentiras.

AMÉM????

Vicente – E um terceiro capitulo já está sendo preparado. Alguma pista de como soará o próximo álbum do 7 Peles?

7Peles – O TERCEIRO EVANGELHO DO 7PELES já está escrito!!!! Terminamos a sétima palavra nesses dias mesmo e estamos nos preparando para iniciarmos a produção …com certeza, como de costume, no feriado pagão de fim de ano e na maldita quaresma cristã nossos irmãos e irmãs estarão em festa…essas datas agora são nossas !!!! E, posso adiantar que o álbum será da pesada!!!! Muito metal!!!! Não apenas uma continuação do SEGUNDO EVANGELHO, mas sim um novo capítulo.

Vicente – Vocês fazem um trabalho extremamente profissional, em todos os aspectos. Esse sempre foi o idealizado por você?

7Peles – Acredito que tudo deva ser feito sempre com muito cuidado, muito carinho e atenção, pois é a maneira que temos de respeitar nosso público, aqueles que nos apoiam, nos acompanham mesmo de longe através de nossas redes sociais. Procuro entregar o melhor que posso sempre, pois compreendo a importância que o 7 pode ter de alguma maneira para aqueles que o procuram.

Vicente – A pandemia trouxe uma nova realidade, prejudicial a todos os segmentos da sociedade, mas principalmente a música. Como vocês veem a atual situação, e como é não poder apresentar o material ao vivo?

7Peles – Vejo toda essa situação com profundo pesar pelas famílias vitimadas, estendo aqui toda a minha solidariedade aos nossos irmãos e irmãs que de alguma forma sofreram perdas. E tudo isso se agrava ainda mais quando vemos lideranças políticas, que deveriam estar no mínimo tentando minimizar os efeitos dessa tragédia, simplesmente fazendo pouco caso, tratando como se fosse algo superestimado …olha, isso é tão bizarro pra mim que sequer consigo pensar em não ter tido a possibilidade de apresentar o material novo ao vivo ainda.

Vicente – Quais foram as bandas ou artistas que o fizeram querer partir para o mundo da música?

7Peles – Hoje mesmo eu estava aqui revendo um show que presenciei no circo voador, no Rio de Janeiro, uns anos atrás…um show comemorativo do álbum CABEÇA DINOSSAURO dos TITÃS.  Esse foi o primeiro álbum que eu me recordo de ter entrado numa loja pra comprar. Foi o começo de tudo. Eu adquiri esse álbum em 1987 e então nesse mesmo ano assim que lançaram o JESUS NÃO TEM DENTES eu pedi de presente de amigo oculto no colégio, hahahahahaha.

Nesse período tive acesso também ao VIVA do CAMISA DE VÊNUS…eu era muito jovem, tinha 10 anos de idade, e essa porra toda me pirou, e então fui querendo mais e mais, cheguei aos clássicos do heavy metal, vivi o auge do SEPULTURA , fui no show de lançamento do ARISE,  meu álbum favorito da banda. Até que em 1994 eu ouvi algo que fudeu minha mente de vez : DE MYSTERIIS DOM SATHANAS …a grande obra prima não só do MAYHEM,  mas de todo gênero.

Nesse tempo eu já mexia com lance de banda, arranhando meus primeiros acordes e berros…tem sido uma longa jornada, que agora finalmente culmina com o 7PELES.

Vicente – Por fim, deixe um mensagem a todos os fãs, e para aqueles que desejam conhecer muito mais sobre o mundo do 7 Peles?

7Peles – COMAM E BEBAM!!!

SE ENTREGUEM A SENSUALIDADE!!!

VIVAM A VIDA, NÃO SE APEGUEM…AO ESTILO DO MÉNAGE DE LAMEQUE.

                 🕯💀🕯

Entrevista com Leonardo Oliveira’s Power Reset

O Power Reset é aquele tipo de “projeto de um homem só”, no caso capitaneado pelo Leonardo Oliveira, responsável por toda a parte criativa e instrumental, e que lançou ano passado seu debut, intitulado “My Perfect World”, uma verdadeira aula de Power Metal em sua essência.

Para falar mais sobre o disco, como nasceu o projeto e o que o futuro reserva ao Power Reset, fiz essa entrevista com o solicito Leonardo, confiram que vale a pena ler e, principalmente, ouvir sua música.

Vicente – Primeiro de tudo, nos conte como surgiu o projeto Power Reset, como foi botar em prática o que tinha em mente, sendo que você é o responsável por todo o processo?

Leonardo – O projeto nasceu de um sonho adormecido por mais de 20 anos.

Foram anos protelando a realização por motivos diversos: falta de tempo, recursos financeiros e etc. Até que em 2012 iniciei uma jornada de estudos em produção musical, montei um home studio e não parei mais.

No começo tudo era experimentação e não tinha nenhuma intenção de tornar o projeto em “comercial”, a intenção era apenas tirar as músicas da minha cabeça e gravar um disco para acervo pessoal.

Foi o engenheiro de som Augusto Queiroz, que participou da mixagem e masterização do álbum que me incentivou a lançar comercialmente, pois segundo ele mesmo, seria um pecado deixar engavetado essas músicas.

No começo convidei músicos para fazerem parte do disco. Eu iria apenas executar os baixos e a voz, porém tive muitos problemas em reunir as pessoas…e sempre tinha coisas menos relevantes sendo levadas mais em conta do que a música propriamente dita…coisas do tipo: dinheiro, fama e etc…então resolvi desenvolver tudo 100% sozinho.

Não foi fácil mas não me arrependo de ter tomado essa decisão pois me orgulho do resultado que obtive mesmo levando muito tempo para concluir, e o melhor de tudo sem ter que precisar dar satisfação para ninguém.


Vicente – O primeiro disco, “My Perfect World”, saiu em 2020. Como foi todo o processo de composição e gravação do mesmo? E como tem sido o feedback de quem já teve a oportunidade de conhecer o trabalho e a mídia especializada?

Leonardo – O disco apesar de ter saído em 2020, seu processo iniciou anos atrás. Tinha as ideias todas em minha cabeça mas durante o processo de produção as coisas sempre mudavam um pouco de direção, pois eu tinha que tomar todas as tomadas de decisão sozinho e isso em alguns momentos era cansativo e desafiador… porém a cada música concluída eu evoluia o processo e o desenvolvimento foi se tornando mais dinâmico com o passar do tempo. Eu era músico, produtor, arranjador, marqueteiro, tudo ao mesmo tempo.

Confesso que não me preocupei muito em fazer algo “rotulado” pois essa não era a intenção, tanto que as músicas tem temas diferentes embora estejam dentro de um contexto de fantasia e filosofia espiritual… só coloco para fora o que estou sentindo, simples assim.

Acabei desenvolvendo material para 3 discos, foi aí que tive a ideia de particionar o projeto em 3…serão 3 discos lançados até final de 2022.

O feedback do público tem sido positivo porém não me preocupo muito com isso, não estou fazendo isso para ganhar dinheiro e agradar fulano ou entrar pro “hall da fama”. Tenho plena consciência do que represento no meio metal… estou tranquilo com isso.

Um dado interessante é que o Brasil é o que menos consome meu projeto, 90% dos que apoiam e me seguem são “gringos”… por saber disso foquei em deixar as redes sociais 100% em inglês pois sabia que isso poderia ocorrer.

Vicente – Olhando para trás, teria algo que gostaria de ter feito diferente nele?

Leonardo – Sim e não…rsrsrs.

O processo criativo é algo complexo.

Quando você é perfeccionista, sua perspectiva é que sempre pode fazer melhor do que ja fez…mas aprendi que tem momentos que devemos aceitar as coisas e seguir adiante… isso é evolução!

É claro que ouvindo hoje o disco sempre ouço pensando que poderia ter feito melhor, mas é assim que são as coisas…o segundo álbum por exemplo soa muito melhor que o primeiro…mas cada um tem seu mérito.

Vicente – A capa do disco também chama atenção. De quem foi a ideia e quem foi o responsável por ela?

Leonardo – A capa foi desenvolvida pela design Fabrinni Meireles e o desenvolvimento artístico é mérito total dela. Conversamos 10 minutos, passei para ela o que eu falava nas letras e ela pediu que enviasse as músicas para ela se inspirar…no dia seguinte, pela manhã, ela me mandou a arte pronta…não precisei mudar nada!

Vicente – A música Premonition teve um lyric video lançado no mês passado. Por que a escolha dessa música em especial?

Leonardo – Na verdade a intenção era lançar o lyric de todo o álbum, mas financeiramente ficou inviável.

De qualquer forma “Premonition” tem uma carga emocional muito forte e era a menos ouvida até então. Foi uma forma de fazer as pessoas ouvirem um pouco mais ela.

Vicente – E um novo disco deve estar pintando ainda este ano. Nos fale um pouco sobre ele. Terá uma pegada mais Power em comparação ao debut, certo?


Leonardo
– Sim, exato! O disco já está pronto e está soando bem legal mesmo…Será mais “power”, mas terá baladas bem legais também.

Serão 10 músicas e a música tema se chamará “Dungeon Master”, bem como o disco.

A intenção é lançá-lo em novembro…

Vicente – Você acredita que, por ser o responsável por tudo, seja mais fácil colocar as ideias em prática. Ou existe o interesse de num futuro próximo transformar o Power Reset numa banda completa?

Leonardo – Com certeza no final das contas ter o poder de decisão de 100% de tudo torna tudo mais fácil embora seja mais desgastante e desafiador…mas o futuro está em aberto!

Com certeza transformaria o projeto em banda para tocar ao vivo se passar a existir demanda. Mas no momento não é essa a intenção.

Vicente – Com a pandemia e a sugestão de permanecer em casa, você acredita que as pessoas começaram a dar maior valor a arte como um todo, visto que, sem TV, música ou literatura ninguém aguentaria tanto tempo essa situação?

Leonardo – De forma geral sim, mas ainda existem alguns paradigmas a serem quebrados…infelizmente o Brasil ainda tem uma cultura de não valorizar a arte…como falei 90% de meu público é estrangeiro…mas independente do gênero ou da arte em questão ainda estamos bem distantes de valorizar nossos artistas. A própria cena metal não apoia os seus, é uma disputa de egos entre os artistas…precisa morrer pra se dar valor.

Tudo muito lamentável, mas estimo que melhore!

Vicente – Em poucas palavras, o que acha das seguintes bandas:

Helloween – Um dos meus maiores influenciadores! Foi meu “divisor de águas” como músico.

Angra- Gosto da primeira fase com o André, não desmereço o que veio depois, mas o disco “Angels Cry” é incrível.

Avantasia –  Uma das melhores coisas que aconteceram, playlist indispensável em qualquer lugar! Tobias é um gênio!

Iron Maiden – O que me fez gostar de metal aos 9 anos, ouvindo “Wasted Years”.

Viper – Uma inspiração na adolescência.

Vicente – Para encerrar, mande uma mensagem para todos aqueles que curtem e tem interesse em conhecer mais sobre seu trabalho e o Power Reset.

Leonardo – Te convido a fazer parte da família Power Reset, apoiando e curtindo meu trabalho! Valeu, e que Deus abençoe a todos!

https://linktr.ee/powerreset

Entrevista com Arch Enemy

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Fazendo uma arrumação em meus e-mails, deparei com esta entrevista perdida, feito em 2020 justamente com um dos mais influentes músicos de uma das bandas mais legais da atualidade. Mesmo soando um pouco datada, pois eram os primeiros momentos da pandemia mundial, não podia deixar de publicá-la. E assim encerro a trilogia Arch Enemy, pois ja havia tido a oportunidade de entrevistar a ex-vocalista Angela, a atual Alissa e agora o fundador da banda Michael Amott.

Vicente – Em 2021 a banda comemora 25 anos de seu primeiro álbum. Você está pensando em comemorar este evento de alguma forma?

Michael – Tivemos algumas discussões sobre isso, mas decidimos deixar esses planos de lado devido à pandemia de Covid-19 e todas as incertezas atuais em relação aos shows.

Vicente – E como é manter a mesma energia depois de uma carreira tão longa, sempre se mantendo relevante na cena do metal?

Michael – Eu acho que o principal é não pensar muito em coisas assim, os fãs podem ver através das bobagens e se os artistas estão sendo “inventados” ou fingindo. O principal para qualquer artista é seguir o seu coração. Com o Arch Enemy, ainda estamos muito animados e apaixonados por tocar o tipo de música que fazemos, então é muito fácil e natural.

Vicente – Força e energia é uma forma de descrever os shows intensos do Arch Enemy, algo que os brasileiros já puderam provar. Você ainda gosta de fazer longas turnês pelo mundo?

Michael – Obrigado, essa é uma ótima descrição de nossos shows! Mesmo depois de todos esses anos, ainda amamos ir para a estrada e fazer essas longas turnês. Para mim, o palco ao vivo é onde a verdadeira música acontece e é algo de que nunca me canso. A energia dos fãs nos shows torna a experiência bastante mágica.

Vicente – Já se passaram três anos desde o último álbum de estúdio do Arch Enemy. Quando os fãs podem esperar um novo álbum da banda? e o que eles podem esperar deste lançamento futuro?

Michael – No momento estamos trabalhando nisso, com esperança de lançar novas músicas em 2021! Estou super satisfeito com a nova música que temos … Mal posso esperar para gravá-la corretamente e pedir que vocês vejam!

Vicente – Vivemos uma pandemia mundial. Como você analisa a situação atual e como você acha que isso pode influenciar o futuro da música e como apresentá-la?

Michael – A verdade é que ainda se sabe muito pouco sobre o Corona-virus e certamente não sou um especialista. A situação atual, como a pandemia afetou as pessoas em todo o mundo de forma negativa, é obviamente muito triste e terrível. No que diz respeito a grandes shows e turnês no futuro – seu palpite é tão bom quanto o meu … Infelizmente, tenho a sensação de que será um mundo pós-pandêmico diferente, pelo menos por um tempo.

Vicente – Como é não poder tocar para seus fãs, por motivos que estão fora do alcance da banda?

 Michael – Bem, na verdade tínhamos planejado ficar 2021 fora da estrada para focar no novo álbum com a composição e gravação dele. Então, no momento a pandemia não mudou nossos planos com a banda. Estamos de olho na situação e fazendo planos futuros de acordo com o que acreditamos ser possível.

Vicente – Você já teve oportunidade de tocar no Brasil outras vezes. Quais são as melhores lembranças dos shows aqui realizados?

Michael – O Brasil sempre foi absolutamente fantástico para o Arch Enemy, e eu diria que o principal motivo para isso é o incrível apoio dos fãs. Os shows brasileiros são muito intensos e emocionantes. Estamos sempre ansiosos para voltar!

Vicente – Como você analisa o momento atual do metal no mundo? É melhor ou pior do que quando você começou?

Michael – Eu diria que agora está melhor de várias maneiras … Existem mais oportunidades de alcançar pessoas com a música em todo o mundo. Algumas coisas eram mais interessantes no passado, talvez, mas o passado é o passado e eu gosto de focar no aqui e agora e no futuro.

Vicente – Com tantos shows já realizados pelo mundo, qual foi o melhor e o pior momento que você já viveu no palco?

Michael – Já fiz milhares de shows e, claro, tive experiências diferentes. Falhas técnicas ou cometer um grande erro podem ser embaraçosos naquele momento … Mas no quadro geral, isso realmente não importa muito, eu acho. Depois do show eu geralmente saio do palco me sentindo muito bem, especialmente com o Arch Enemy hoje em dia, já que tocamos tão bem juntos. Nos primeiros dias da minha vida como músico eu ficava muito nervoso em tocar ao vivo, mas hoje em dia eu simplesmente gosto disso.

Vicente – Qual foi aquele artista ou banda que fez você decidir se tornar músico, viver no sempre difícil mundo da música?

 Michael – Eu não acho que houve apenas um artista ou banda que me fez querer me tornar um músico quando jovem … Foi mais a onda / cena de punk e metal que me inspirou, desde muito jovem nos anos oitenta, que me fez querer fazer música e me expressar. Nunca acreditei que isso se tornaria uma carreira séria ou algo assim, era mais como algo que eu realmente queria e precisava fazer por mim mesmo. Lentamente e passo a passo, tornou-se esta longa e maravilhosa jornada / carreira na música pesada, pela qual sou eternamente grato.

Vicente – Para finalizar, deixe uma mensagem para os fãs brasileiros que curtem o Arch Enemy, e para aqueles que querem saber mais sobre sua música.

Michael – Obrigado pela entrevista, o apoio é muito apreciado como sempre. Aos fãs brasileiros, gostaria de dizer que sei que vocês estão passando por um momento difícil, por favor, fiquem fortes, seguros e saudáveis! Eu realmente espero que possamos voltar e tocar ao vivo para vocês novamente no futuro e tocar as novas músicas do Arch Enemy nas quais estamos trabalhando agora! Força!

O Casarão

Faz 10 anos que publiquei meu primeiro livro, “O Casarão”, pela Editora Multifoco, na versão impressa. Porém, o mesmo nunca foi publicado na versão eletrônica. Até hoje…
A partir de agora o livro está disponivel em formato E-book, pela Amazon, no link: https://www.amazon.com.br/dp/B092R448HT
Ao contrário do que muitos imaginam, a leitura nesse formato é bem simples. Você pode ler o mesmo num dispositivo Kindle, no seu computador/notebook/tablet/Ipad, ou até mesmo no seu celular. Para isso é so baixar o aplicativo de leitura do kindle, disponivel gratuitamente no proprio site da Amazon, quando da compra do E-book. E, ao comprar, o livro fica disponivel em menos de um minuto para o leitor.
O valor do livro é de R$ 5,99, o menor possível para a modalidade escolhida. Apesar do momento dificil que passamos, acredito ser um bom e acessível preço para todos.
Numa época em que é solicitado que as pessoas saiam de casa para somente o essencial, o livro, assim como a música, tem um papel importante, pois é uma forma de entreterimento para toda a familia.

Entrevista com a banda Nenhum de Nós (Rio Grande do Sul)

A entrevista dessa semana é com a clássica banda gaúcha Nenhum de Nós, com seus quase 35 anos de carreira ininterruptos, sempre com relevância e comprometimento com seus fãs. Aqui, Thedy Correa, Carlos Stein e Sady Homrich falam sobre toda a carreira da banda, e não deixam de comentar sobre os atuais acontecimentos, que vem afetando a todos.

 

Vicente – Após tantos anos de estrada ininterruptos, como vocês avaliam a trajetória do Nenhum de Nós?

Thedy Correa – Creio que construímos uma trajetória digna e honesta. Temos um volume significativo de produção discográfica e sempre tivemos como norte o preceito artístico, deixando o mercadológico sempre em segundo plano. Realmente não é fácil manter uma banda de rock no Brasil por tanto tempo, e por isso somos muito gratos aos nossos fãs que tem nos dado suporte.

Carlos Stein – Foi um longo caminho, marcado sobretudo pela coerência e, naturalmente, pela busca do aperfeiçoamento de nossa musicalidade.

Sady Homrich – Uma trajetória marcada pela coerência artística, pelo respeito aos fãs, entregando conteúdo sem futilidades. 

 

Vicente – A banda está com a mesma formação desde seu princípio, algo raro na música. Qual o segredo para manter a relação entre os membros saudável após tanto tempo de convivência?

Thedy Correa – O respeito é o fundamental. Quando temos nossas desavenças, temos sempre em mente a relação de respeito que construímos desde o início. Não fosse isso, acredito que não estaríamos juntos até hoje. Claro que é bom ressaltar que existe uma boa dose de sorte, do destino ter feito que os caminhos de caras que acreditam na relevância do que fazem, se cruzassem. A música ainda é nossa cola, mas sem estes atributos, ela sozinha não nos manteria.

Carlos Stein – Bom, não é que não tenhamos nossas discordâncias, mas elas são expressas de forma civilizada, já que todos nós estamos remando para o mesmo lado.

Sady Homrich – O Nenhum de Nós foi formado em torno de uma amizade que se provou sólida ao longo da caminhada. O trio inicial (Carlão, Thedy e Sady) ja tinha uma ideia bem estabelecida de que uma banda tem que ter uma “química”. Veco e João Vicenti entraram nesse espírito, sendo a formação definitiva há mais de 30 anos.

 

Vicente – Já são mais de 2000 mil shows realizados, mais de uma dezena de discos lançados e fãs espalhados por todo o pais. De onde tirar força para prosseguir na ativa, e, principalmente, sendo relevante no cenário musical nacional?

Thedy Correa – Eu tiro minha força do próprio público. Ele me abastece, sustenta e inspira. Saber que temos pessoas tão ligadas ao que eu escrevi e canto, que criaram vínculos com nossas músicas, é o que me mantém motivado.

Carlos Stein – Justamente dessa base de admiradores que formamos, e continuamos trabalhando para expandir, por todo o país. Eles são os nossos melhores divulgadores e são, em larga medida, responsáveis por nossa longevidade e relevância. Além do mais, outra de nossas relações duradouras é a nossa produção, que é a mesma desde nosso início, e que trabalha muito para nos garantir uma agenda constante e saudável nesse tempo todo, o que é fundamental também para a manutenção do projeto.

Sady Homrich – O fato de nosso filtro ser bastante criterioso passa para o público, que vai se tornando fã. Nossa poesia foge do óbvio, a moldura musical é autêntica e a comunicação é valorizada.

 

Vicente – O último lançamento da banda foi o EP “Doble Chapa” (2018). Como avaliam o resultado deste trabalho, e como foi a reação dos fãs e da mídia para o mesmo?

Thedy Correa – Foi um ótimo trabalho em relação ao público! Conseguimos um excelente espaço de divulgação, estreitamos nossos laços com músicos uruguaios, fizemos todas as capitais. Tivemos uma recepção muito boa por parte dos fãs! Eu fico particularmente feliz por ter feito essa aproximação entre os idiomas – português e castelhano – pois sou muito fã da música latina como um todo. O Nenhum sempre acreditou nessa integração.

Carlos Stein – O “Doble Chapa” foi mais uma forma de expressarmos a influência que o rock latino americano possui em nosso trabalho. Nossos fãs curtiram e, melhor, começaram também a buscar algumas dessas referências, o que era um dos nossos objetivos também. Com a mídia tivemos alguns problemas, como a inacreditável rejeição ao termo “Ordinária” presente em nossa música de trabalho. A palavra está tão estigmatizada que o próprio sentido encontrado no dicionário, de comum, banal, parece não ser mais reconhecido. Assim, algumas rádios se recusaram a executar a música. Parece mentira, eu sei, mas infelizmente não é.

Sady Homrich – Nossas relações com o rock latino-americano saíram reforçadas, é uma conexão que começamos no século passado e transpõe a barreira cultural. A concentração de canções em um EP trouxe uma unidade que não havíamos experimentado, mesmo sendo esteticamente heterogêneas. O público do NDN é curioso por natureza, por isso os shows dessa turnê foram um sucesso.

Vicente – A música de trabalho do disco é “Uma Vida Ordinária”. Como foi o processo de composição desta faixa em particular?

Thedy Correa – Estávamos planejando nossa tradicional temporada de final de ano no Theatro São Pedro e decidimos convidar o Federico Lima a participar (novamente). Quando oficializei o convite a ele já propus que escrevêssemos algo inédito para a ocasião. O mais incrível é que eu contribuí com a LETRA, em castelhano, e ele com a música. Poderia se imaginar que o natural fosse justamente o contrário. Escrevemos a canção e quando ele chegou em Porto Alegre para os ensaios, fizemos o arranjo. Foi tudo tão fluido e orgânico, que assim nasceu a ideia do EP.

Carlos Stein – Foi uma parceria entre o Thedy e o Federico Lima, nosso parceiro uruguaio que tem um fantástico projeto musical chamado “Sócio”, em que o Thedy entrou com a letra, em espanhol mesmo, e o Fede compôs a música. Posteriormente o Thedy fez a versão em português.

Sady Homrich – Quando se fala em “ordinário” em espanhol, entende-se algo comum, regular. Uma vida ordinária tem um quê de monotonia, poucas aspirações. A canção induz a virar esse jogo, a arriscar um crescimento para sair desse marasmo. Pena que no Brasil essa palavra tenha se tornado sinônimo de vulgar…

Vicente – E quais os planos para um futuro lançamento?

Thedy Correa – Temos que esperar o que o futuro reserva para os artistas no mundo pós-Covid. Tínhamos a ideia inicial de lançar algo ainda esse ano, mas já empurramos isso para 2021. Eu tenho muito material escrito, resta saber para onde a inspiração vai apontar. Gosto de deixar o processo de compor a música quando já tenho uma data para projetar o lançamento. Trabalho melhor assim. Pelo que sei, o Noel Gallagher tem o mesmo modo de trabalhar. Funciona!

Carlos Stein – Somos, essencialmente, um grupo de compositores. É através de nossas composições e arranjos que expressamos nosso estado de espírito e nosso momento nessa trajetória. Os prazos foram revistos, em função da pandemia, mas logo devemos lançar mais um trabalho inédito.

Sady Homrich – Estamos preparando material isoladamente para entrar em pauta depois do período de isolamento devido à pandemia. Esperamos que seja em 2021.

 

Vicente – Estamos vivendo tempos estranhos, com uma pandemia assolando o mundo. Como vocês analisam o atual momento, tanto no Brasil quanto no exterior?

Thedy Correa – São tempos sombrios. Incertezas e ameaças vindas de muitas direções. Governos que negam a ciência. Pessoas que negam a solidariedade. Polarização ideológica criando insegurança até mesmo na saúde da população. Em certo sentido vejo que caminhamos para trás. “Involuímos” enquanto espécie. Viramos as costas para o meio-ambiente, para as minorias, para a desigualdade, gastando nossa energia em convencimentos que jamais vão ocorrer. Cada um pensa de uma forma e não está disposto a mudar. Esse é um quadro mundial. Nunca pensei que chegaríamos em pleno 2020 com pessoas negando a vacina e afirmando que a Terra é plana. Os avanços da civilização irão ocorrer, pois quem os concretizam são as pessoas de mente aberta e que se baseiam na ciência. O obscurantismo, nesse momento, tenta atrasar esse avanço, mas a história prova que isso não é possível.

Carlos Stein – É um momento muito estranho mesmo. Único em uma geração que já se acostumava com a sensação de que tudo seria mais ou menos do mesmo jeito a vida inteira. Não sou, particularmente, daqueles que alimentam grandes expectativas na inerente bondade humana, mas é triste ver que, num momento em que nossa melhor escolha parecia ser buscar algum tipo de sintonia que nos ajudasse a agir conjuntamente contra a doença, parece que o investimento na radicalização parece ter até aumentado. De qualquer forma, acho que só teremos um retrato mais conclusivo sobre esse momento mais adiante, como aliás costuma acontecer com todos os fenômenos históricos.

Sady Homrich – Tempo de reflexão, reciclagem, estudo, aprendizado. Vai passar e vai deixar suas marcas. Valores artísticos e científicos serão tratados de forma distinta, o obscurantismo material havia ultrapassado alguns limites.

 

Vicente – Como uma banda acostumada a estar na estrada, qual o sentimento de não poder apresentar sua música para o público?

Thedy Correa – É uma oportunidade perfeita para a reflexão. Pensar no papel de cada e no nosso, como um coletivo. A distância do público e dos eventos nos causa imensa preocupação na medida que temos famílias para sustentar, mas já que isso é inevitável, vamos tirar proveito parando para pensar em nós mesmos.

Carlos Stein – É muito frustrante. Imagino que muitas pessoas que já estavam na expectativa de ver nosso show estejam com um sentimento parecido. Mas é bom alimentar essa saudade, às vezes.

Sady Homrich – É a parte mais dura. A impessoalidade das versões #fiqueemcasa que os músicos têm feito, inclusive nós, não se compara a sinergia do palco, do olho no olho.

 

Vicente – Com essa situação, estamos vendo a proliferação das chamadas “lives”. Algumas apresentações honestas, outras parecendo grandes eventos midiáticos. Como se sentem com essa nova forma de apresentar a música?

Thedy Correa – Vejo como uma tentativa de apontar novos caminhos. Elas são democráticas na medida que qualquer um pode realizá-las, com um abismo que separa a produção de uns e outros. O ruim é que os patrocínios seguem nas mãos dos mesmos e quase não existe incentivo para socorrer os menores. Não acredito que as lives vão prosseguir sem que haja um desgaste ou sem ampliar os ganhos para os artistas que trabalham longe das rádios e do TOP 40.

Carlos Stein – Tenho visto pouca coisa. Não sei se os artistas estão concebendo bem esses momentos. Apresentações com som ruim e nenhum cuidado de produção me parecem atentar contra a própria imagem deles. Mas vi algumas que foram muito legais e inspiradoras. Poucas, infelizmente.

Sady Homrich – Algumas lives são apresentadas como se nada estivesse acontecendo, são péssimos exemplos de isolamento social. É só analisar a trajetória do artista que dá pra ver claramente qual o objetivo…

 

Vicente – Com tanto tempo de carreira, certamente já passaram por todo tipo de situação. Qual foi o melhor e o pior momento no palco?

Thedy Correa – Quando fiz um show atravessando uma crise de cálculo renal, foi ruim. Mas o mais triste foi quando fiz meu primeiro show logo após a perda de minha mãe. Senti um vazio avassalador. Não era eu ali no palco, apenas uma casca.

Carlos Stein – Sempre que me fazem essa pergunta eu percebo que minha memória já não é mais a mesma mas, é compreensível, já vão mais de 30 anos, hehe. Mas houve, é certo, momentos inesquecíveis. Alguns deles: a abertura do show do REM, o Rock in Rio que fizemos, o nosso primeiro Planeta Atlântida, o nosso primeiro acústico no São Pedro, o show que fizemos num bar em Pelotas quando soubemos de nosso primeiro contrato de gravação. Sobre os maus momentos, quase todos saudavelmente esquecidos ou colocados na prateleira dos aprendizados. O mais recente foi em nossa participação em um importante festival em que TODO o meu equipamento apresentou problemas. Era um show especial, para ser curtido e lembrado, mas passei todo o tempo trabalhando com os nossos roadies para tentar solucionar esses problemas.

Sady Homrich – O pior momento foi em sonhos quando me vejo no palco, o show vai começar, eu olho o set-list (repertório) e não conheço nenhuma música, não faço a menor ideia de como toca-las! Chego a suar frio!!! Os melhores são os shows em teatros, com horário e acomodações decentes. Sempre preparamos algo diferente para esses momentos. Quando dá certo sentimos a vibração energética da plateia invadindo o palco. Quase um nirvana!

 

Vicente – O que acham das seguintes bandas:

The Beatles –

Thedy Correa – Ídolos! Uma de minhas maiores referências. Sem eles, a história da música nesse planeta seria outra. Muito menos inspirada, com certeza

Carlos Stein – Uma grande influência, principalmente pela inquietude artística. Estavam sempre se desafiando para crescer musicalmente.

Sady Homrich – The Best

Engenheiros do Hawaii –

Thedy Correa – Uma carreira digna e cheia de hits

Carlos Stein – Parceiros nessa longa e difícil jornada. Tive, inclusive, a felicidade de ter participado da primeira formação da banda.

Sady Homrich – segue representada pelo Gessinger com muita competência.

David Bowie –

Thedy Correa – Para mim, um cara que rivalizou com os Beatles na influência sobre a música e a nossa cultura. Um gênio!

Carlos Stein – Outra influência, por razões similares aos Beatles,

Sady Homrich – uma referência cultural que ultrapassa os limites da música.

Secos & Molhados –

Thedy Correa – Maravilhosos!

Carlos Stein – Um dos grandes pioneiros do rock brasileiro. Além das músicas fantásticas, possuíam uma inspiradora noção de imagem e um grande frontman, uma das coisas mais legais das boas bandas.

Sady Homrich– pena que foram apenas 2 discos com a formação original. O João Ricardo é um compositor sensacional, assim como as interpretações do Ney.

Legião Urbana –

Thedy Correa – Grande banda! Um dos melhores poetas da música brasileira, sem dúvida.

Carlos Stein – A banda mais independente do rock brasileiro. Mesmo vendendo milhões de discos e lotando estádios, nunca abdicou do espírito que a motivou quando começou. 

Sady Homrich –  A prova do que boas referências podem gerar. A poesia do Renato era tão complexa que a música tinha que seguir um caminho fora do convencional. Pura emoção.

Vicente – Para finalizar, deixem um recado para os fãs e amigos que admiram seu trabalho, e aqueles que querem conhecer mais sobre o Nenhum de Nós.

Thedy Correa – Sigam o Thedy e o Nenhum nas redes sociais para saber mais das nossas novidades, movimentos e pensamentos! E obrigado pelo apoio!

Carlos Stein – Acho que nenhuma mensagem hoje passa incólume pela difícil situação que atravessamos. O Nenhum continua focado em seu trabalho, contando os dias para reencontrar o palco e as pessoas que curtem a banda. A saudade é grande! Para quem quiser conhecer melhor a banda, já dispomos a maior parte de nossa obra nas plataformas de streaming e muito material antiquíssimo em nosso canal do YouTube. Coragem. Logo vamos matar essa saudade.

Sady Homrich – As redes sociais tem fortalecido nossa relação com público e mídia. Mantemos perfis ativos nas plataformas e convidamos para que nos sigam, curtam e compartilhem nossos posts. Sei que não tá fácil, mas vai passar. Assim que for possível, estaremos de volta aos palcos com muita vontade! Que a fonte nunca seque!

Abraço

http://www.facebook.com/NenhumDeNosOficial

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Entrevista com a banda Gomorra (Suiça)

A entrevista de hoje é com a banda suíça Gomorra, que acaba de lançar seu debut “Divine Judgement”. Apesar de ser seu primeiro registro, não se trata de novatos no mundo da música, sendo que a entrevista foi respondida por Damir Eskic, atual guitarrista do Destruction. Aqui ele fala sobre o disco, o início da banda e o atual momento mundial.

 

Vicente – Antes de tudo, conte-nos como surgiu a ideia de criar o Gomorra?

Damir: olá, acabei perdendo alguns músicos da minha banda anterior, e estava na hora de fazer alguma coisa diferente, e um amigo me disse “cara, o que você acha de uma banda temática e fazermos algo legal juntos …? então, capa e álbum e qualquer coisa deveria se encaixar, então, após esse tempo, criamos a capa de Gomorra e também o tema de Gomorra que estará presente sempre em nossos novos lançamentos.

 

Vicente – Vocês acabam de lançar “Divine Judgement”. Conte-nos um pouco sobre a gravação e o processo de composição do álbum

Damir: foi um ótimo momento criar este álbum, e no final é um ótimo álbum, cheio de Heavy Metal clássico e também de elementos de Thrash Metal … Todo o processo de composição com os caras foi muito fácil. Todo mundo pôde trazer algumas ideias, e no final eu misturei essas ideias com o nosso baterista Stefan e nosso vocalista Jonas.

 

Vicente – Algum motivo especial para o título do álbum?

Damir: sim, queremos representar o momento da destruição da cidade bíblica de Gomorra. Nós nunca pensamos que o álbum se encaixaria neste momento atual, mas infelizmente se encaixa perfeitamente neste momento.

 

Vicente – A capa do álbum também ficou muito interessante. De quem foi a ideia?

Damir: Nós dissemos ao artista Gyula havancsack (Blind Guardian, Destruction, Accept e muitos outros …) imagine a destruição da cidade de Gomorra e ele o fez. No final, tivemos um ótimo resultado!!

Vicente – Existem novas bandas de Thrash Metal que você gosta? Você costuma ouvir novas tendências ou prefere as bandas clássicas de antigamente?

Damir: eu sou um cara totalmente das antigas … eu compro e recompro coisas antigas dos anos 80 … a maioria das novas bandas, gravam com uma técnica moderna demais, e assim toda banda nova soa como a outra … Algumas são bandas boas, mas a maioria dos discos eu não gosto por causa do som. Sou totalmente fã da velha e boa sonoridade …!

 

Vicente – Estamos enfrentando uma pandemia mundial. Como você analisa a situação atual no mundo, e como você acha que isso pode influenciar o futuro da música e como apresentá-la?

Damir: não é fácil dizer o que vai acontecer, no momento parece ruim, para o futuro também, mas vamos esperar um pouco, a humanidade sobreviveu a muitas coisas ruins no passado. De certa forma, a música e nossa cultura metal prevalecerão!!

 

Vicente – O que você acha das seguintes bandas:

Slayer –

Êxodus –

Metallica –

Black Sabbath –

Testament –

Damir: todas ótimas!!! eu gosto da maioria das bandas “old school”

 

Vicente – Para finalizar, deixe um recado para os fãs brasileiros que gostam do seu trabalho e para quem quer saber mais sobre a sua música

Damir: muito obrigado a todos vocês que gostam e apreciam o metal, e obrigado Vicente por essa entrevista!!!

 

Entrevista com a banda Cova Rasa (São Paulo)

Uma banda ainda recente, mas com muito potencial para alçar voos maiores. Essa é a banda paulista Cova Rasa, que lançou este ano seu segundo álbum, intitulado “Cruzando Infernos”. Formada por Jayme Danko (vocal/guitarra), Gustavo Fassina (guitarra), Edu Milani (baixo), Daniel Werneck (bateria) e Flavio Salin (teclados), nessa entrevista falam mais sobre a carreira da banda. Confiram que vale a pena conhecer mais sobre a música e proposta deles.

 

Vicente – Para começar, conte-nos um pouco sobre o início da banda. E como chegaram ao nome da mesma?

Jayme Danko: A banda foi formada em 2016 e no início tínhamos uma outra proposta de som. O Heavy Metal sempre foi uma paixão, mas não era exatamente o plano como iniciamos. A mudança aconteceu de forma espontânea, foi natural. Achamos um nome forte, que carrega personalidade, e automaticamente está ligado a temática da banda.

 

Vicente – E chegando agora nesse momento, como avaliam a trajetória da banda, mesmo sendo relativamente nova no cenário nacional?

Gustavo Fassina: Uma trajetória ativa (risos). Nesse segundo álbum já tivemos mudanças de músicos restando apenas o Jayme, guitarrista e vocalista da formação original. Por mais que o Cova Rasa seja novo no cenário nacional, os músicos que fazem parte dessa nova formação já tem experiência com bandas, todos têm outros projetos, o que ajuda bastante na trajetória da banda.

Edu Milani: A recepção tanto do público quanto da mídia, foi extremamente positiva. Elogios desde a qualidade de produção, bom gosto das composições e pelo fato de termos conseguido fazer algo diferente em português, dentro de um estilo difícil.

 

VicenteVocês lançaram no início deste ano seu segundo álbum “Cruzando Infernos”. Como avaliam o resultado deste trabalho, e como foi a reação dos fãs e da mídia para o mesmo?

Gustavo Fassina: Melhor impossível! A banda tem 3 vídeos clip lançados, sendo um deles em Lyric vídeo. Todos com bastante visualizações e comentários positivos, podemos sentir que o pessoal aprovou nosso trabalho.

 

VicenteAs letras são um grande diferencial em “Cruzando Infernos”. Como surgiu essa ideia de contar história sobre lendas urbanas e sobrenaturais?

Jayme Danko: Essa ideia veio junto com a mudança de proposta de som, pensamos em fazer algo diferente, escrever de maneira diferente. Estamos nos preparando para adentrar outros mercados e vamos lançar músicas e álbuns em inglês num futuro próximo, mas nada impede de voltarmos ao português futuramente.

VicenteQual acredita ser a principal diferente do novo disco com relação ao seu debut, “Deadline”?

Gustavo Fassina: Nesse novo álbum existem mais influencias do metal tradicional, o primeiro é Rock N´Roll e só tinha uma guitarra. Nesse temos duas, as guitarras estão alinhadas e mais técnicas e os teclados estão mais sinfônicos.

Jayme Danko: Tivemos muitos problemas na mixagem do primeiro disco e terminamos nunca extraindo o som e o peso que queríamos. Foi feito muito na pressa e a mudança de proposta foi repentina, o que impactou no resultado final.

VicenteEstamos vivendo tempos estranhos, com uma pandemia assolando o mundo. Como vocês analisam o atual momento, tanto no Brasil quanto no exterior, e como imaginam que isso irá afetar o cenário musical como um todo?

Gustavo Fassina: Sinceramente não sei dizer, pelo que podemos ver esse cenário vai perdurar esse ano ainda, e não temos certeza de nada sobre o próximo ano. Em relação ao cenário musical muitos músicos estão se adaptando, com aulas online, alguns são Luthier, etc. Imagino que as bandas irão continuar seus projetos, porem como já foi dito não existe certeza de nada no momento.

Vicente – O que acham das seguintes bandas:

ZZ Top – Mestres do Blues-Rock

Angra – Total admiração, um dos maiores expoentes do nosso país.

Dr. Sin – Igualmente, total admiração!

Judas Priest – Deuses do metal!

Iron Maiden– A maior banda da história do Heavy Metal.

 

Vicente – Para finalizar, deixem um recado para os fãs e amigos que admiram seu trabalho, e aqueles que querem conhecer mais sobre a banda Cova Rasa.

Gustavo Fassina: Obrigado pelo apoio! Tudo o que estamos trabalhando tem um propósito, uma vontade de fazer acontecer e sem vocês isso não seria possível. Obrigado!

Jayme Danko: Quem quiser conhecer, pode acompanhar a gente nas redes sociais, no instagram @covarasa_oficial e facebook Cova Rasa. Teremos novidades sendo anunciadas muito em breve. Obrigado.

 

Entrevista com a banda Elder (Estados Unidos)

A música do quarteto americano Elder não é de fácil assimilação. Vagando pelo Stoner/Doom, com generosas doses de progressivo e umas pitadas psicodélicas bem distribuídas, é uma sonoridade que deve ser ouvida várias vezes para ser melhor compreendida (e apreciada). Essa entrevista com o guitarrista/vocalista Nick DiSalvo é uma forma de elucidar e entender melhor a proposta da banda.

 

Vicente – Antes de tudo, conte-nos um pouco da trajetória de Elder. Como foi o começo da banda?

Nick DiSalvo – Começamos a banda quando éramos amigos no ensino médio como um hobby, sem ambições reais. Gravamos nosso primeiro álbum com um amigo que sabia um pouco sobre produção de áudio, que acabou ficando bem decente e foi lançado por uma gravadora um ano depois. Isso nos levou a continuar trabalhando na banda, mesmo quando passamos por estudos universitários e por coisas de crescimento geral. Finalmente, por volta de 2015, decidimos deixar o resto e seguir a música em tempo integral. Isso praticamente nos leva até hoje: escrever músicas e fazer turnês …

 

Vicente – Vocês acabam de lançar “Omens”, seu quinto álbum de estúdio. Conte-nos um pouco sobre a gravação e o processo de composição do disco.

Nick DiSalvo – Escrevi quase todo o disco entre 2017 e 2019 sozinho, desde que me mudei permanentemente dos EUA para a Alemanha em 2016, e os outros caras ainda moravam nos Estados Unidos. Tivemos algumas grandes mudanças na banda naqueles anos; nosso baterista deixou a banda no verão passado e nosso outro guitarrista também se mudou para a Alemanha. Nosso novo baterista também é alemão, então, de repente, a maior parte da banda estava por perto novamente e poderíamos trabalhar coletivamente. Passamos os 6 meses antes de entrar no estúdio revisando o material que eu havia escrito juntos, depois alugamos uma van e dirigimos para o Black Box Studio na França. Passamos 11 dias gravando o disco e eu voltei para algumas mixagens algumas semanas depois. Foi uma experiência bastante intensa, a coisa toda foi meio que uma viagem mental.

 

Vicente – Qual você acha que é a principal diferença de “Omens” para os outros álbuns do Elder?

Nick DiSalvo – Todo álbum do Elder é diferente de alguma forma, e eu acho que a principal maneira que o “Omens” difere – além da produção, que é uma partida óbvia – é que é mais descontraído. As músicas levaram algum tempo para se desdobrar, são muito menos apressadas. Existem mais partes atmosféricas, atmosferas sonhadoras e sons quentes. É um pouco mais “descontraído”, para simplificar.

 

 

Vicente – Como é fazer o lançamento de um álbum e não promovê-lo da maneira usual, fazendo shows para seus fãs?

Nick DiSalvo – É extremamente decepcionante. Você passa anos trabalhando em algo, planejando cuidadosamente e investindo, e então a coisa toda evapora na sua frente. Certamente as pessoas ainda ouvem música pela internet, mas os shows ao vivo são tão importantes para nós quanto as gravações. Tem sido uma grande perda, mas estamos tentando permanecer otimistas sobre tudo isso.

 

Vicente – A música do Elder não é fácil de assimilar, passeando por vários aspectos do rock/Metal, sem se apegar a um único gênero. Essa foi a proposta desde o início da banda?

Nick DiSalvo – Não exatamente. Começamos a banda claramente querendo tocar Stoner Rock and Doom, os tipos de música que estávamos ouvindo na época, mas o requisito para a nossa música era sempre o mesmo: sem besteira, sem riffs meia-boca, nada repetitivo ou preguiçoso. Mesmo em 2006, quando começamos a tocar, havia mais bandas do que suficiente fazendo esse tipo de música, e a última coisa que queríamos fazer era copiar qualquer pessoa diretamente. Essa mentalidade se transformou em uma ambição musical mais genuína, à medida que crescemos como músicos e realizamos nossas próprias vozes criativas. Agora, o único critério é fazer a música que gostamos!

 

Vicente – O que você acha das seguintes bandas:

Yes – A parte anterior de seu catálogo, até o Relayer, é parte do meu absoluto progressivo favorito. Esses caras são gênios e fizeram uma música insana que eu nem consigo imaginar. Ainda inspirador depois de todos esses anos.

Rush – eu nunca curti tanto o Rush, para ser sincero. Eu gosto de algumas faixas, mas algo sobre a estética do som não me agradou. Nossos outros membros – especialmente nosso baixista – adoram Rush.

Gentle Giant – Outra das minhas bandas favoritas de prog rock, se não por outro motivo que não seja a sua estranheza. Sem pretensão, alguns caras de aparência pateta vestindo roupas engraçadas de palco … Eu amo os sons renascentistas, instrumentos medievais e os vocais estranhos de Derek Schulman. É uma pena que essa banda não tenha sido maior.

Uriah Heep – Eu realmente não segui tanto o Uriah Heep após o Magician’s Birthday, mas Demons and Wizards é um incrível registro de rock clássico. Talvez eu deva voltar ao catálogo deles – já faz um tempo.

Pink Floyd – O que dizer sobre eles? Lendas por uma razão.

 

Vicente – Para finalizar, deixe um recado para os fãs brasileiros que gostam do seu trabalho e para aqueles que querem saber mais sobre sua música

Nick DiSalvo – Obrigado pela leitura. Esperamos visitar o Brasil em breve! Fiquem seguros até então!

 

Entrevista com a banda Grave Digger (Alemanha)

40 anos de carreira não é para qualquer um. E lançando seu vigésimo disco de estúdio muito menos. Não podia escolher banda melhor para recomeçar os trabalhos que o Grave Digger. Nessa entrevista com o guitarrista Axel “Ironfinger” Ritt, ele fala mais sobre o atual momento da banda e, infelizmente, sobre o atual momento do mundo, mostrando que as mazelas do Brasil também ocorrem igualmente no exterior.

 

VicenteEste ano a banda comemora 40 anos de carreira. Vocês estão pensando em celebrar esta data tão especial de alguma forma?

Axel “Ironfinger” Ritt – Havia muitos shows especiais ao ar livre planejados com uma serie de músicos convidados, em festivais como Wacken, Rockharz, Rockhard e muitos outros, mas o Corona matou tudo. Tentaremos realizar o maior número possível de shows em 2021.

 

Vicente – Grave Digger está lançando agora “Fields of Blood”, o vigésimo álbum da banda. Como foi todo o processo de composição e gravação desse trabalho?

Axel “Ironfinger” Ritt – Como sempre, Chris (baixista/vocalista do Grave Digger) e eu estivemos fazendo a pré-produção completa no meu “Meadow Studios”, onde todas as guitarras finais também foram gravadas. Chris cuida de todas as letras e linhas vocais, e eu cuido de todos os instrumentos, como guitarras, bateria, baixos, teclados e faço os arranjos dos backing vocais

Na etapa final, entregamos os arranjos finais das músicas para os outros membros da banda, que trocam os instrumentos da Demo por instrumentos “reais”.

 

 

Vicente“Fields of Blood” também é o fim de sua épica trilogia das terras altas escocesas. Como foi fazer essa narrativa em três partes, quase como se fosse uma montagem de um quebra-cabeça?

Axel “Ironfinger” Ritt – “Fields Of Blood” não é como “Tunes Of War”, onde as letras são algum tipo de ensino de história, como você aprende na escola. Dessa vez, trata-se de um cara que trabalha em um museu e sonhou acordado com sua família, localizada na Escócia, e volta aos temas descritos nas letras.

 

VicenteVocês gravaram um vídeo para a música “Lions of the Sea”. Como foi a gravação deste vídeo?

Axel “Ironfinger” Ritt – Tínhamos grandes planos de lançar o vídeo mais caro que o GRAVE DIGGER já havia lançado para a música “Lions Of The Sea”, que deveria ter sido gravada na Escócia com uma comitiva de cerca de 20 tripulantes, mas não fomos autorizados a entrar no Reino Unido por causa do horror chamado Covid-19. Então tivemos que lançar um vídeo muito mais simples, porque também era proibido gravar algumas sequências com a banda.

 

VicenteEstamos enfrentando uma pandemia mundial. Como você analisa a situação atual e como ela pode influenciar o futuro da música e como apresentá-la?

Axel “Ironfinger” Ritt – A situação real é um desastre completo! Todos os planos que organizamos nos últimos anos foram feitos em pedaços, todos os nossos shows especiais do 40º aniversário foram cancelados e acho que isso não vai acabar até 2022. A pior situação de todos os tempos para um artista!

 

VicenteComo é a sensação de não poder tocar para seus fãs, por motivos que estão fora do alcance da banda?

Axel “Ironfinger” Ritt – O comportamento dos governos em todo o mundo em relação ao vírus Covid-19 executará o cenário musical profissional por completo. Eu acho que até 90% dos locais serão insolventes em breve e eles serão comprados pelos grandes nomes por muito pouco dinheiro. A maioria dos meus colegas também precisará encerrar sua carreira e tentar encontrar um emprego diferente em uma profissão diferente. No momento, meu país, a Alemanha, investirá bilhões de euros para salvar empresas DAX como VW, BMW, Lufthansa e inúmeras outras, empresas que fizeram de tudo para evitar pagar impostos na Alemanha nas últimas décadas, mas não se envergonharam de pedir ajuda governamental agora com nosso dinheiro dos impostos. Não posso comer tanto quanto tenho vontade de vomitar sobre um comportamento como esse! Essas pessoas são criminosas, escória humana, elas têm que ficar presas na prisão pelo resto da vida!

 

VicenteComo você analisa o momento atual do metal no mundo? É melhor ou pior do que quando você começou na música?

Axel “Ironfinger” Ritt – Bem, nós crescemos em uma época em que você tinha a chance de se tornar famoso, se você investisse todo o seu tempo, energia e dinheiro em sua carreira. É difícil dizer, mas esses dias se foram para sempre. Hoje, você é um cara de sorte, se puder pagar o aluguel e conseguir alguma comida, mas nunca poderá alimentar uma família ou comprar uma casa sem 1 ou 2 empregos a mais, ou a renda adicional de sua esposa. Eu odeio dizer isso, mas meu conselho é: aprenda um negócio que preenche sua conta bancária e faça música como hobby. Esta é a única maneira de evitar a humilhação de ter que fazer música que não deseja ou todo tipo de trabalho para que seus filhos possam ir à escola.

 

Vicente – Com tantos shows já realizados pelo mundo, qual foi o melhor e o pior momento que você já viveu no palco?

Axel “Ironfinger” Ritt – O melhor momento foi o GRAVE DIGGER como uma das atrações principais no Wacken Open Air em 2010, simplesmente uma explosão. A pior situação foi um show em Buenos Aires, na Argentina, quando um promotor local criminoso enganou os fãs com antecedência, roubou alguns de nossos equipamentos e chegou com dois guarda-costas de dois metros de altura no lobby do hotel para iniciar uma “discussão”.

 

Vicente – Qual foi o artista ou banda que fez você decidir se tornar músico, e viver no sempre difícil mundo da música?

Axel “Ironfinger” Ritt – Foi uma foto de Scott Gorham, do Thin Lizzy, em meados dos anos setenta, publicada em um jornal alemão local por causa de seu show em Colônia. Ele estava deslumbrante com o cabelo comprido e a guitarra Les Paul, então pensei comigo mesmo: “é isso que eu quero fazer também”.

 

VicentePara finalizar, deixe um recado para os fãs brasileiros que curtem o Grave Digger, e aqueles que querem saber mais sobre sua música

Axel “Ironfinger” Ritt – Espero vê-los em um dos nossos próximos shows … o mais rápido possível. Perguntem à China quanto eles pagarão por introduzir novamente uma pandemia, baseando-se no fato de que eles ainda estão torturando e matando tudo o que tem braços, pernas ou asas em mercados úmidos.

 

 

Entrevista com a banda Gosotsa

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O Gosotsa não pode ser simplesmente chamado de uma banda, pois sua arte é muito mais ampla que a música. O trio é um verdadeiro grupo artístico, com trabalhos tanto na música quanto na literatura e teatro.

Com tal gama de atividades, certamente que a entrevista seria interessante e até mesmo instigante, como todos podem conferir, nas palavras de Drannath.

 

Vicente – Para começar, como surgiu o nome e todo o conceito por trás da arte do Gosotsa?

Drannath: No DNA do Gosotsa está a subversão, o disruptivo, a quebra com o passado. Começamos com a música e, por ela ser absolutamente chocante esteticamente aos ouvidos acostumados com a chamada música popular, achamos que havia a necessidade de maior respaldo artístico para amarrar toda a nossa mensagem, além de tornar nossa arte ainda mais intrigante pois, apesar de parecerem produções distintas (música, literatura, quadrinhos, artes plásticas, teatro), todas apresentam a mesma estética, a mesma linguagem, e as mensagens se completam, tornando tudo uma só arte – apesar de todas elas poderem ser consumidas de forma independente. E, o nome, surgiu de um erro de digitação.

 

Vicente – Vocês lançaram este ano o álbum “O Sol tá Maior III”. Como foi todo o processo de composição e gravação deste álbum?

Drannath: Este foi o disco mais colaborativo da série “O Sol Tá Maior”. Diferentemente do I e do II, que foram exclusivamente compostos por mim, no III tem letra do Élitra, guitarras da Malu. O processo de composição foi bem variado. Algumas surgiram de um improviso, como Caminhão de Salto Alto, em que tivemos a sorte do Élitra botar pra gravar, mas também tem música composta inteira em partitura, com baixo, guitarra e voz compostas de uma só vez, no papel, como a faixa-título, O Sol Tá Maior. Outras foram compostas gravando compasso a compasso, no violãozinho. Acho que isso deu uma variada muito interessante nas composições.

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Vicente – O Gosotsa, intencionalmente, não se prende a um gênero musical, fazendo com que a música seja a mais abrangente possível. Como fazer essa liberdade musical funcionar, sem que se perca a essência de tudo?

Drannath: Pois é, no Gosotsa, nunca um disco é igual ao outro. Tudo que você ouviu pra trás, ficou pra trás. Vamos lançar agora no final do ano o volume I da série “O Sol Tá Maior”, já gravado desde 2011, e é o mais radical trabalho já feito por nós. Paralelamente a isso, estamos trabalhando nas músicas do próximo disco, que já estão todas compostas, e serão totalmente diferentes das do Sol I, II e III, incluindo peças eruditas, como quarteto de cordas e peças de piano. E já estou compondo o outro disco, que vai ter também música eletrônica. Pra não perder a essência, creio que o segredo está na estética e progressão harmônica, além da poesia, embora estas também variem muito.

 

Vicente – E como tem sido o retorno dos fãs e da mídia especializada para o trabalho realizado por vocês?

Drannath: Tem sido bem interessante! Estamos contentes, pois estamos chamando a atenção, não só do Brasil, mas também de uma galera da Europa e da América Latina. Acreditamos que nosso trabalho é para o mundo, e não apenas para o Brasil, apesar de cantarmos em português. A mídia sempre intrigada com a gente, fazendo comentários muito curiosos. Até hoje, nunca recebemos comentários negativos.

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Vicente – Muito além da música, a arte do Gosotsa passeia por vários ambientes. Como o teatro e a arte visual foram incorporados por vocês, e o quão importante é a mesma no mundo do grupo?

Drannath: No mundo de hoje, todos nós consumimos muitos tipos de arte. Então, por que não fazer estas diversas manifestações artísticas sob o mesmo nome, a mesma estética, complementando a mensagem? Claro que não é fácil dominar diferentes linguagens, porém, no nosso caso, é necessário. Como dito nas primeiras respostas desta entrevista, foi a necessidade a mãe do destino do Gosotsa, pois a abstração de nosso trabalho é tamanha que a música acabou “chamando”  os quadros, o teatro, o livro. Todos são importantes, nosso trabalho é indivisível na medida em que construímos nossa estética, seja por este ou aquele formato.

 

Vicente – A obra “O Sol tá Maior” também sairá como uma trilogia literária. Conte-nos um pouco sobre esta outra faceta do Gosotsa.

Drannath: Em face às dificuldades enfrentadas por artistas undergrounds, a trilogia virou um único livro, dividido em Astral Térreo, Astral Inferior, Astral Superior e Apoteose. Este apresenta um movimento de subida, partindo todo encantado, magnetizado e vazio de um progresso de enfraquecimento, poluição, e desgraça que culminaria na mais infrutuosa forma de existência, passando pelo plano teórico que seria mais próximo das filosofias, ciências e religiões até finalmente conquistar o vívido e pleno, vasto e quadridimensional, na plenitude de sentir o belo em absoluto. Sobre a mudança nos planos dos lançamentos: se é difícil uma banda conseguir um selo ou gravadora para se lançar no mundo, no mundo literário, conseguir uma editora é três vezes mais difícil, e a impressão de livro de forma independente é caríssima.  Fora isso, escrever e ilustrar um livro demanda muito tempo e, infelizmente, ainda não vivemos da arte do Gosotsa, portanto a melhor solução foi fechar como um único livro, que será lançado exclusivamente nas plataformas digitais dentro de dois meses.

Livro

Vicente – O Brasil vive, e de certa forma sempre viveu, a glorificação do “Lixo Cultural”. Como é tentar mostrar uma cultura diferente para o público comum, já que a arte do Gosotsa não é de tão fácil absorção?

Drannath: Às vezes é meio frustrante. Por exemplo, eu me criei nas casas de rock mais sujas de SP, com clima hostil, galera cabeluda, do veneno. Porém, tocar hoje em dia nestes ambientes se tornou um desafio pois a ortodoxia tomou conta dos rockeiros do século XXI. Se a banda não se enquadra em algum dos rótulos consagrados do mercado, os rockeiros não se interessam. Por outro lado, em locais mais alternativos ou sem um público definido, o retorno foi muito melhor! Por exemplo: nosso último show no domingo na Av. Paulista, no meio da rua, ficou lotado do começo ao fim, com um público que ia da molecada aos senhores, além de forte presença feminina, com todos e todas balançando a cabeça, agitando e aplaudindo muito ao final de cada música, com baixíssimo número de pessoas abandonando o show. Sabemos que nosso trabalho é árduo, no sentido de reeducação cultural, talvez nosso trabalho nem seja reconhecido durante nossas vidas, ou talvez nem depois. Mas seguimos em frente fazendo o que temos que fazer, com alegria e satisfação de fazer o melhor que podemos.

Quadrinhos

Vicente – Quais são os artistas que marcaram sua vida, que lhe fizeram enveredar pelo complicado mundo da arte?

Drannath: Ah, muitos, muitos mesmo! Falaríamos até amanhã, daria um livro. Do rock, desde os blues dos anos 40 até os dias atuais, dos mais leves aos mais pesados, passando por música erudita, do barroco até o atonalismo do século XX, e por aí vai. Assim também é nas artes plásticas, na literatura. Não dá pra citar só 20 ou 30 nomes.

 

Vicente – Por fim, deixem um recado para os fãs do grupo, e para todos aqueles que querem conhecer mais sobre o Gosotsa.

Drannath: Se preparem! A explosão mental está apenas começando! Estamos deixando uma mancha única no mundo, que se esfacelará ainda mais a cada lançamento. Estamos aqui para sacudir as esfinges corroídas pelo tempo que consolidaram a pasteurização e ortodoxia na produção de arte em geral. Acessem nossos canais no youtube e plataformas de streaming, além das nossas redes sociais. Muito obrigado!

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Entrevista com a banda Aeternus (Noruega)

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E fechando a serie de entrevistas com bandas do “Metal obscuro”, chega agora a vez do Aeternus, banda norueguesa com 25 anos de carreira, que também estará aportando no Brasil para tocar neste final de semana, no “Setembro Negro”. Quem respondeu foi o vocalista/guitarrista Ares, fundador da banda. Confiram e prestigiem os shows…

 

Vicente – Vocês tocarão este mês no Brasil no “Setembro Negro”. O que você espera do show aqui? E o que os fãs do Brasil podem esperar do Aeternus?

Ares – Olá, o que esperamos?! Um grande momento para nós e um grande momento para todas as pessoas que virão ao show naquela noite. O público pode esperar um monte de boas músicas, que iremos entregar, como sempre fazemos. Temos um bom set list para o Brasil.

 

Vicente – “Heathen”, o novo álbum de Aeternus, será lançado em outubro. O que os fãs podem esperar do álbum?

Ares – Bem, conseguimos com sucesso trazer a atmosfera, a música e o som de volta. Também trazendo originalidade e novos riffs. Demorou muito tempo para fazer as músicas, mas valeu a pena. Estamos muito felizes com o resultado. Ótimo som, o mesmo som que tivemos nos primeiros lançamentos, e também ótimas músicas.

 

Vicente – Qual você acha que é a maior diferença entre “Heathen” e “… and the Seventh His Soul Detesteth“, o álbum anterior da banda.

Ares – Certamente “Heathen” tem menos tecnicismo e menos complexidade, porque nós realmente colocamos muito peso em “and the Seventh …”. “Heathen” é bem mais fácil de ouvir, ou ao menos deve ser. Som mais agudo e fresco e músicas sólidas, muito estruturadas e, principalmente, diretas.

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Vicente – O clássico álbum “… and So the Night Became”, está completando 20 anos do seu lançamento. Quais são as memórias da gravação deste álbum?

Ares – Apenas boas lembranças, do estúdio principalmente. Trabalho duro. Bom trabalho sólido de todos os envolvidos.

 

Vicente – Aeternus está completando 25 anos de carreira este ano. Como você avalia a trajetória da banda depois de todos esses anos?

Ares – Houve altos e baixos. Eu estou feliz que ainda mantemos tudo acontecendo… Ainda está funcionando, você entende?! Fazendo música, lançando e compartilhando. Fazendo shows. A coisa final. Música é vida. Voltamos às raízes neste álbum, o que é uma coisa boa, o que o futuro nos trará agora, não sabemos. Boa música, com certeza.

 

Vicente – Existem algumas novas bandas de Black / Death Metal que você realmente gosta de ouvir?

Ares – Não

 

Vicente – Por favor, em poucas palavras, o que você pensa sobre essas bandas:

Emperor – banda de Black Metal Elite. Músicos fantásticos. Alguns dos mais surpreendentes riffs e músicas vêm do Emperor. Ihsahn não sabe como fazer algo mediano. Ele não consegue. Compositor fantástico.

Cannibal Corpse – Algumas das melhores músicas de Death Metal vêm desses caras, na minha opinião. Um monte de coisas técnicas, e riffs impressionantes. George tem o melhor “pescoço de headbanger” no ramo.

Mayhem – Outra banda de Black Metal Elite. Ótima música, ótimos artistas. Vocais impressionantes, e o carisma de Attila.

Deicide – O Death Metal mais brutal. A voz de Glen é a maior perfeição brutal dos vocais do Death Metal. Desempenho sólido, sempre.

Megadeth – Não é meu favorito…, mas muitos riffs ótimos aqui e ali. Dave é um ótimo guitarrista, e não é tão bom vocalista.

 

Vicente – Por fim, deixe uma mensagem para todos os brasileiros que curtem o som e gostariam de saber muito mais sobre o Aeternus.

Ares – Tudo bem pessoal, estamos honrados e estamos ansiosos para realizar o nosso Dark Metal para vocês, bom povo brasileiro.

Espero que você aproveite o festival com seus irmãos e irmãs do metal. O metal é um estilo de vida, estamos todos nisso como um povo unido. Apoie um ao outro e o Metal!

Respeito, Brasil.

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Entrevista com a banda Vulcano (São Paulo)

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Há pouca coisa a se dizer sobre o Vulcano e sua carreira. Trata-se simplesmente de um dos maiores nomes da historia do Metal nacional, um dos pilares desse estilo tão amado por tantos. Nessas quatro décadas, lançaram álbuns clássicos, fizeram shows inesquecíveis aqui e no exterior, e nunca perderam o foco e a humildade, ganhando assim o respeito de todo o público.

Nessa entrevista, o guitarrista Zhema conta mais sobre os primórdios da banda, a carreira e tudo que cerca o Vulcano, demonstrando pique para trilhar ainda mais alguns anos fazendo a música que gosta. Feliz de nós, que podemos assim continuar acompanhando a história ainda sendo escrita…

 

Vicente – Voltando bastante no passado nesse primeiro momento. Como foi o inicio da banda, os primeiros ensaios, e como chegaram ao nome Vulcano?

Zhema – Lá pelo meio dos anos 70 eu morava em Osasco, SP e era um adolescente que tinha dois amigos próximos que tinham uma banda chamada Sangue Azul. Paulo Magrão Guitarrista e Carli Cooper Baixista e eu tinha essa linguagem de “rock band” com eles. Em 1978 me mudei para Santos, SP e algum tempo depois os chamei para montar uma banda com a finalidade de apresentações ao vivo, algo mais comprometido, etc. No início éramos Eu e Paulo Magrão nas guitarras, Carli Cooper no baixo e Wilham “o ponta” na bateria, fizemos alguns shows com essa formação até Wilham deixar a banda. Bem, depois disso veio o “OM PUSHNE NAMAH” e toda a história que a maioria conhece. Com relação ao nome da banda, VULCANO, vou lhe dizer a verdade, se eu for contar essa história aqui e agora vou tomar duas páginas de sua publicação. Eu já detalhei isso em algumas entrevistas e é uma longa história. Por hora posso dizer que é fruto de um estudo sobre “Magic Square of the Sun”, não exatamente o que se encontra na internet atualmente, mas aquele do conceito proposto por Cornelius Agrippa.

 

VicenteHá 35 anos, a banda entrava pela primeira vez num estúdio, lançando o EP “Om Pushne Namah”. Consegue lembrar e descrever a sensação que sentiram com essa primeira gravação?

Zhema – Claro! Uma sensação de total insegurança, onde éramos principiantes, sem qualquer noção da linguagem que ouvíamos lá dentro – canal 2, panorâmica, na linha, input, fita de ½”, Fita de 2”, dobra, +2db, eu pensava, meeuuu o que é isso? Mas eu fiz tudo que me pediram para fazer e deu certo, de certa forma. Um mês depois quando eu estava na sala de meu apartamento com minha esposa colocando o vinil nas capas e senti uma emoção do tipo: – Caramba! Gravei um disco!

Somente bandas “grandes” faziam isso e através da RCA, Polygram, etc.

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VicenteEm 86 veio à luz o inesquecível “Bloody Vengeance”. Como foi gravá-lo e, principalmente, ver a repercussão que até hoje o disco possui?

Zhema – Antes dele teve o “Live!” Que qualifico como tão importante quanto o “Bloddy Vengeance”. Quando o “Live!” foi lançado em 1985 as músicas do “Bloody” já existiam e as executávamos nos shows ao vivo naquela época. Não tínhamos dinheiro para gravações e posso dizer que o “Live!” me custou um Chevette 83 e o “Bloody Vengeance” um Passat 84. Eu não tinha a menor noção sobre como esse álbum iria repercutir naquela época, e sobre o futuro então, nem passava pela minha cabeça.

Gravamos aquele álbum em São Paulo em apenas um final de semana. Meu amplificador DUO VOX 100 foi responsável pelos timbres tanto das guitarras como pelo contrabaixo, alugamos pratos para o baterista, simplesmente não tínhamos nada! Na primeira noite os camaradas do Golpe de Estado, Helcio, Catalau e Paulo Zinner estavam lá nos ajudando no que podiam. Foi divertido. Depois do álbum gravado, o dinheiro do meu Passat havia acabado, não havia mais dinheiro suficiente para a prensagem e capas, foi quando o Antônio “Toninho” Pirani entrou e fizemos uma parceria.

 

VicenteO mais recente lançamento de estúdio da banda foi “XIV”, em 2016. Após esse tempo, como avaliam o resultado obtido com o disco, e como foi todo o processo de composição e gravação do mesmo?

Zhema – Eu coloco esse álbum como um dos 3 melhores de minha carreira ao lado do “Bloody Vengeance” e “Tales from the Black Book”. Eu tenho no meu notebook o que chamo de “uma gaveta” de “riffs”. Durante minhas “brincadeiras” com a guitarra, quando faço um riff interessante eu gravo com meu “Q3 da Zoom” e abaixo e guardo no computador. Depois de um tempo vou ouvir o que tem lá e aquele que me agrada eu desenvolvo para uma música, começo, meio e fim. Depois de um monte de músicas prontas nesse formato, chamo o Arthur e fazemos as divisões e arranjos de bateria, vamos para o estúdio do Ivan Pellicciotti e gravamos os “takes” de bateria. Eu coloco as guitarras e passo aos demais da Banda e cada um faz seu arranjo. Depois de gravado, então escolhemos as que tocaremos ao vivo. Interessante é que escolhemos sempre priorizar as músicas do álbum mais recente para executa-las ao vivo, mas aos poucos vamos retirando do “set list” porque o público sempre demora para interagir com elas.

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Vicente – Esse ano vocês lançaram o álbum ao vivo “Live III – From Headbangers to Headbangers”. Essa foi uma forma de homenagear os fãs do Vulcano?

Zhema – Este lançamento foi interessante, pois não estava planejado fazê-lo. Havia um show agendado pelo Wilton da Heavy Metal Rock para comemorarmos juntos os 34 anos da loja dele. Como não era festival e o VULCANO poderia usar o tempo que fosse necessário no palco, preparamos um repertório extenso e que passasse por toda carreira da banda. Durante esse processo o Wilton jogou a ideia de que poderíamos gravar o show e lançar um novo CD. Eu concordei e disse faremos como 32 anos antes na mesma região “de Headbangers para Headbangers”

 

Vicente – Vocês irão tocar no Setembro Negro. Qual a expectativa para este show em particular? E das bandas que irão se apresentar no Festival, quais são as que realmente curtem, ou tem vontade de conferir o show?

Zhema – Razor, tocamos com eles nos Estados Unidos, e também estou muito interessado em assistir ao Coven. O Enthroned tocaremos com eles em um Festival na Bolivia no mês seguinte. Teremos 50 minutos no palco para mostrar o que temos de bom em uma carreira de 37 anos, é pouco e isso me incomoda, mas não o suficiente para chegar lá com “fogo nos olhos”. Daremos o melhor de nós nesses 50 minutos.

 

VicenteA banda já teve muitas alegrias durante sua trajetória, mas também ocorreram perdas irreparáveis, como o falecimento dos guitarristas Soto Jr e Johnny Hansen. Como foi receber essa notícia?

Zhema – Notícia desse tipo sobre pessoas próximas não é nada bom. É sim um impacto muito forte. O Junior foi embora muito cedo, 39 anos. É pouco! O Hansen também me deixou surpreso porque ele estava trabalhando duro no HARRY e sempre nos encontrávamos em uma padaria aqui perto de casa para conversar, ele não bebia álcool mais e eu tomava minhas cervejas, foi ruim!

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VicenteZhema, você no inicio da banda era o baixista, porém alguns anos depois assumiu a guitarra no Vulcano, Essa mudança foi algo natural para você?

Zhema – Sim! Na verdade, eu sempre toquei guitarra, porém Soto Junior e o Zé Flavio tocavam melhor do que eu então eu ficava no baixo. A partir de 1987 eu fiquei com as guitarras dos próximos álbuns, sendo que no “Tales from the Black Book” novamente haviam guitarristas melhores do que Eu e então fiz os baixos. Daí em diante resolvi ficar para sempre nas guitarras.

 

VicenteVocês já tiveram a oportunidade de tocar em outros países durante a longa carreira da banda. Como foram essas experiências, e qual a principal diferença que percebem no público daqui, com relação ao estrangeiro?

Zhema – O público daqui é dividido em “Headbangers” e “Metalheads” o primeiro abrange o segundo, mas o inverso não acontece. Este tipo de coisa que “lá fora” não existe.

É ótimo fazer shows lá fora, o profissionalismo está presente sempre, tanto faz se o “pub” é para 40 pessoas, ou se é uma casa de shows para milhares de pessoas.

 

Vicente – Com quase quatro décadas de atividade, como você enxerga o futuro do Vulcano? Orgulho pela trajetória da banda, que sempre teve total respeito dos fãs e do cenário metálico em geral?

Zhema – Claro! Tenho muito orgulho da Banda e muito respeito pelo fã, porque fã do VULCANO é como fã de Ópera. É uma relação de proximidade e paixão, como essas que existem como times de futebol e por isso mesmo cercada de muitas opiniões contrárias às deles, mas nosso fã é fã de verdade! Pro futuro? Trabalhar em mais um novo álbum e fazer mais e mais apresentações ao vivo, pois são nelas que conquistamos mais fãs.

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VicenteEm poucas palavras, o que acham das seguintes bandas:

Sarcófago – Lenda consagrada

Exodus – Minha preferida isolada da “bay area”

Rotting Christ – Trinta anos após “Leprosy of Death” continua entre as melhores

Krisiun – O mais conhecido representante do atual Metal Brasileiro nas terras além-mar

Morbid Angel – Não é uma das minhas preferidas atualmente, deferentemente dos tempos de “Altar of Madness”.

 

VicentePor fim, deixem um recado para os fãs da banda e para todos aqueles que querem conhecer mais sobre o Vulcano e apostam no Metal nacional.

Zhema – Primeiro sou grato pela oportunidade desta entrevista contigo porque me permite levar aos leitores algumas informações e ideias por traz da Banda. Aos fãs é desnecessário dizer que são os principais responsáveis por eu estar aqui respondendo essas questões, então convido aqueles que ainda não conhece por inteiro a “estrada” do VULCANO a se situarem em uma “nave do tempo”, pois já se passaram quase 40 anos, e ouçam pouco a pouco nossos álbuns. Comecem pelo último “X I V” e vão regredindo no tempo até 1983 porque assim fazendo compreenderão a História do VULCANO e uma parte da história do Metal Brasileiro.

Keep Banging!!

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Entrevista com a Banda Enthroned (Bélgica)

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O Enthroned é um dos principais nomes do Black Metal mundial, e um dos grandes ícones do Metal belga, que não possui a mesma reputação que seus vizinhos, ao menos no quesito popularidade. E, com essa longa e exitosa carreira, estarão agora no final do mês vindo ao Brasil para tocar no tradicional “Setembro Negro”.

Muito solicito, o guitarrista/vocalista Nornagest, o mais antigo membro da banda, fala sobre essa apresentação, a grande turnê que farão por toda a America latina, e sobre o atual momento da banda. Inclusive dando detalhes em primeira mão sobre o novo álbum e contando histórias da estrada, em situações que só acontecem no Black Metal mesmo…

 

Vicente – Vocês tocarão este mês no Brasil, no “Setembro Negro”. O que você espera deste show?

NornagestO Brasil sempre foi muito receptivo ao Enthroned, e nós mesmos temos um relacionamento especial com nossos fãs brasileiros, parece que é como se tocássemos um pouco em casa, você sabe.

O que eu espero e o que desejo são duas coisas diferentes; Eu desejo que a multidão enlouqueça novamente, como nos velhos tempos, e eu espero que vocês também não estejam muito cansados, que venham em massa para os shows. Eu espero nada mais do que uma loucura total, os fãs brasileiros têm uma reputação de serem dedicados e selvagens, espero que eles façam jus a essa reputação, e nos mostrem mais uma vez o quanto eles são dedicados ao Metal e ao Black Metal.

 

Vicente – E o que os fãs daqui do Brasil podem esperar do Enthroned?

NornagestEsta será a nossa última turnê antes do lançamento do novo álbum, então vamos entregar nosso set com uma mescla de faixas que vão desde os primeiros dias até o álbum “Sovereigns”, apresentando nossos novos membros que tocarão pela primeira vez no Brasil: Shagal e Norgaath. Neraath também está de volta ao vivo com a gente na América do Sul, com seu estilo típico de guitarra, agressivo e sombrio. É a primeira vez em muito tempo que vamos tocar no Brasil com a formação oficial completa, e estou ansioso por isso.

 

Vicente – Falando nisso, a banda fará muitos shows em toda a América Latina. O que você acha do público desses lugares?

NornagestNós já conhecemos o Brasil e a Colômbia de cor, então conhecemos o público de lá. Nós não tocamos no Chile, Equador e Peru há algum tempo, então estamos curiosos para ver se eles evoluíram para um público mais brutal, e nós nunca tocamos para os outros países que iremos visitar, então será uma grande surpresa, e  estou curioso para ver o Enthroned levar as nossas cerimônias nessas novas regiões.

 

 Vicente – O último álbum da banda é “Sovereigns”, lançado em 2014. Como foi o processo de composição e gravação deste álbum, e a reação dos fãs foi a que você esperava?

NornagestO álbum foi composto e gravado muito rápido, essas músicas estavam fervendo, prontas para serem colocadas juntas. Todos nós escrevemos músicas separadamente, faixas que significaram algo para nós e nos unimos por apenas uma semana, dia e noite, e compomos “Sovereigns” juntos dessa maneira. Como um álbum, foi muito fácil compor e gravar. As reações do público foram surpreendentes: antigos fãs voltaram, fizemos novos e os fãs que já estavam lá ficaram totalmente confusos. É um álbum que colocou antigos e novos fãs na mesma página, o que na verdade não foi intencional, mas com certeza foi uma boa surpresa.

 

Vicente – E um novo álbum em breve? O que você poderia dizer aos fãs sobre isso?

NornagestHouve muitos eventos na vida da banda e seus membros desde “Sovereigns”, e muitas dessas coisas retardaram o processo de composição do novo álbum. Também tivemos grandes mudanças na formação, devido ao compromisso com outras atividades ou por motivos de saúde, enquanto outros tiveram pouco tempo, devido a outras atividades e a própria vida pessoal, então demorou um pouco, mas o novo álbum está chegando. Acabamos de gravar o sucessor de “Sovereigns” e agora estamos cuidando do processo de mixagem, masterização, lidando com as artes e assim por diante. O novo álbum será um pouco diferente. Deixe-me explicar um pouco: esta nova obra é de longe o álbum mais obscuro e mais “frio” que compusemos até agora. Está cheio de raiva, escuridão e nós tentamos coisas novas, exploramos novos lados, diferentes versões de nossa arte. Não se preocupe, ainda é Enthroned, nada de virada de 180 graus de estilo, apenas como eu expliquei. Eu não quero revelar muito ainda, mas estamos entusiasmados por finalmente lançar este álbum – ao contrário de “Sovereigns”, este também foi o álbum mais difícil de fazer, não por falta de inspiração, mas devido a muita coisa. De obstáculos que encontramos no caminho, mas no verdadeiro estilo do Enthroned, nós somos teimosos e seguimos adiante, para compor um álbum do qual todos nós nos orgulhamos. Este álbum também será em colaboração com uma nova gravadora, nova formação, então fiquem ligados… mais informações estarão disponíveis em breve.

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 Vicente – Em todos esses anos na estrada e shows realizados, qual foi o momento mais estranho em uma apresentação do Enthroned?

NornagestHá alguns para ser honesto. Nós tivemos um cara que veio seminu no palco e cortou seus pulsos e morreu no caminho para o hospital, por exemplo. Mas você poderia realmente chamar isso de estranho hoje em dia?

Muitas coisas incomuns podem acontecer durante um show de Black Metal, então estamos acostumados a ver coisas estranhas acontecerem. No México, um cara me perguntou se eu era um padre satânico ordenado, e se eu concordaria em casar ele e sua namorada durante um de nossos shows, o que não aconteceu, é claro. Esse foi um pedido estranho para mim.

 

Vicente – Black Metal é, e sempre foi um gênero de extremos, amado por alguns e odiado por outros. Como você analisa o cenário do estilo nestes dias? Há novas bandas que você gosta?

NornagestBlack Metal é um gênero cheio de polêmicas, mesmo para as pessoas envolvidas na cena. Você poderia compará-lo a um covil de cobras, todo mundo está no mesmo buraco, mas está deslizando um sobre o outro, acasalando, se unindo, mordendo e matando um e outro. O que, na minha opinião, é melhor assim, do que quando tivemos aquela moda Black Metal, que ocorreu alguns anos atrás, então o gênero se tornou um verdadeiro circo de palhaços. Nos dias de hoje, o verdadeiro espírito está renascendo novamente, Black Metal está de alguma forma ganhando sua identidade “perigosa” novamente aqui e ali, entre aqueles que entenderam sua abordagem e objetivo, simplesmente porque aqueles indivíduos têm uma razão para tocar Black Metal, e não porque é outro gênero musical que eles gostam. Existem algumas novas bandas que eu apoio e gosto, porque elas têm essa abordagem e / ou simplesmente porque eles são muito bons, na minha opinião: Schammasch da Suíça, Iteru da Bélgica, Whoredom Rife da Noruega e Ultra Silvam da Suécia, para citar apenas alguns poucos.

 

Vicente – Por favor, em poucas palavras, o que você pensa sobre essas bandas:

 

Dark Funeral – Eu gostei dos três primeiros lançamentos, MCD e os dois primeiros álbuns, mas parei de segui-los depois disso, já que eu não gostava de seu novo material, mas o álbum mais recente deles não parece ruim, eu deveria dar uma olhada, mas não sou um grande fã, embora ainda goste de suas primeiras coisas.

 

Cannibal Corpse – Ótimos músicos, ótimos caras, igual ao anterior; Eu deixei de seguir depois do álbum “Bloodthirst” que eu gostei muito, mas o que eles fizeram depois não me trouxe nada e eu parei de segui-los, mas talvez eu esteja perdendo alguma coisa, porque eu realmente não chequei nenhum álbum depois disso. Mas ainda uma banda impressionante ao vivo.

 

Marduk – Uma banda com uma grande evolução, na minha humilde opinião, muitas pessoas estavam reclamando quando Legion deixou a banda. Como de costume, as pessoas sempre farão barulho e reclamam quando um vocalista sai, mas vamos lá, ele teve problemas de garganta, família etc… Mas, de qualquer forma esse não é o ponto, fiquei emocionado quando soube que eles pegaram Arioch, do Funeral Mist, como seu novo vocalista, ele é, na minha opinião, um dos melhores vocalistas de Black Metal por aí, com um tipo único de vocal e ele trouxe para o Marduk  o que estava faltando: Trevas. Eu não vou dizer que sou um grande fã de Marduk, mas eu realmente gosto deles, uma das melhores bandas do gênero. Ainda tenho que checar seu novo álbum, o single soou promissor – diferente, mas promissor.

 

Deicide – Eles perderam algo depois de “Once upon the Cross”, realmente os amei musicalmente, sempre tive minhas dúvidas sobre Glen Benton, mas quem se importa agora, mas, na minha opinião, eles tomaram algumas decisões erradas e definitivamente perderam algo depois daquele disco.

 

King Diamond – Bem, aqui eu sou um fã… NUNCA ouça um álbum King Diamond sem ler as letras. Esse cara transforma histórias/filmes de terror em música da maneira perfeita. Uma voz única, atmosferas únicas, lendárias… Nada mais a acrescentar.

 

Vicente – Por fim, deixe uma mensagem para todos os brasileiros que amam o som e querem saber muito mais sobre o Enthroned.

NornagestObrigado pela entrevista, e nos vemos no Festival Setembro Negro, em São Paulo neste mês. E vamos reerguer o inferno!

Resenha The Ghost and the Machine – Red Rain Tires (2018)

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Após duas resenhas literalmente pesadas, do mais puro Death Metal, chego agora completamente ao extremo, caindo no canto quase inteiramente acústico desse trio austríaco, que está lançando seu segundo disco de estúdio, intitulado “Red Rain Tires”.

Confesso que não conhecia a banda, até mesmo pelo pouco tempo de existência da mesma (formada em 2013), mas fiquei verdadeiramente surpreso com a qualidade sonora deles, num estilo que pode ser denominado de Post-Blues.

Nomenclaturas à parte, a verdade é que “Red Rain Tires” é um ótimo disco, principalmente para relaxar e ouvir sem compromisso. Numa produção não muito polida propositalmente, as 9 faixas aqui contidas formam um disco muito legal.

Temos aqui desde faixas mais agitadas (mas não muito) como “Complex Animal” (Total Blues) e “Dirty Mind”, essa com um clima mais Country e uma levada que lembra um pouco Neil Young. “Blue Day/Yellow City” e “Scars” possuem belas harmonias e melodias. Encontramos aqui também a introspectiva e melancólica “Caroline” (música com nome de mulher é garantia de tristeza), a fofinha “Butterflies & Dust”, e “Wrecks of Innocence”, que parece um pouco com aquelas incursões acústicas que o Black Sabbath fazia na década de 70.

The Ghost and the Machine é um bom nome para se guardar, principalmente se sua praia for a desse estilo de som. Fica a dica…

 

Nota: 8,5

 

Formação:

Andi Lechner – Resonator – guitarra, Vocais

Heidi Fial – Contra Baixo, Vocais

Matthias Macht – Bateria

 

9  faixas- 42:29

Tracklist:

01.Falling

02.Dirty Mind

03.Blue Day / Yellow City

04.Caroline

05.Passengers & Slaves

06.Complex Animal

07.Scars

08.Butterflies & Dust

09.Wrecks of Innocence

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Entrevista com a banda Coven (Estados Unidos)

Coven 
Roadburn Festival 2017 
Andrey Kalinovsky

Jinx Dawson é uma das artistas mais enigmáticas e interessantes que já pisaram no mundo da música, sendo fundadora da banda Coven, e tendo lançado, a quase 50 anos atrás, o clássico e maldito “Witchcraft Destroys Minds & Reaps Souls”, um dos primeiros álbuns da historia com temática voltada para o ocultismo, antes mesmo do Black Sabbath surgir para o mundo.

E o Coven estará se apresentado no “Setembro Negro”, com certeza sendo um dos shows mais aguardados de todo o Festival. Para falar sobre esse show e sobre a banda, tive a oportunidade de realizar essa rápida entrevista com Jinx, que mostrou muita simpatia e uma grande preocupação em preservar tudo que se relaciona a sua carreira e ao Coven.

 

Vicente – Você vai tocar esse mês no Brasil, no Setembro Negro Festival. O que espera deste show?

Jinx DawsonEu sempre espero uma mágica excitação. Nós temos muitos amigos queridos no Brasil, e eles serão aqueles que ajudarão a fazer surgir a magia. Nós tocamos músicas com cânticos e feitiços e, quando eles funcionam, não é apenas um concerto, é um ritual.

 

Vicente – E o que os fãs do Brasil podem esperar do Coven?

Jinx DawsonNós nunca usamos a palavra “fãs”, mas sim amigos queridos. E nessa tradição, eles fazem parte do círculo do Coven. E eles podem esperar uma apresentação multimídia, incluindo vídeos do início dos anos 1970 até o presente, que contam um pouco da história do Coven.

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Vicente – As performances de The Coven são sempre muito teatrais. Os fãs brasileiros podem esperar tudo isso nos shows aqui?

Jinx DawsonNós mudamos as performances vez ou outra, para se encaixar no local em que estamos tocando, mas sim, na verdade, haverá muito teatro.

 

 Vicente – O clássico e controverso álbum “Witchcraft Destroys Minds & Reaps Souls” estará completando inacreditáveis ​​50 anos em 2019. Quais são as memórias e como foi todo o processo de composição deste álbum?

Jinx DawsonAs memórias do WDMRS que circulam na minha cabeça são aquelas dos meus ancestrais, apresentadas em uma forma musical. Histórias que me contaram quando criança e ensinamentos que eu tive. Minhas experiências de infância foram ricas no ocultismo que eles praticaram. E, através do meu amor pela ópera, eu queria apresentar essas memórias em um trabalho contemporâneo de rock. A composição era simplesmente um espelho daquelas histórias e experiências. Estou quase terminando um livro que contará em detalhes sobre tudo o que é o Coven.

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Vicente – E os planos futuros da banda. Você está pensando em um novo álbum de estúdio?

Jinx DawsonAtualmente, temos várias músicas gravadas e esperamos lançar um EP de um novo álbum em breve.

 

 Vicente – Quando você começou, as mulheres na música, especialmente no rock underground, eram poucas, um universo verdadeiramente machista. Você acha que isso mudou nos dias de hoje?

Jinx DawsonHá muito mais mulheres agora no Rock e na música, isso é um fato, embora os homens ainda pareçam dominar as capas de revistas e as manchetes de shows. Eu não culpo tanto os músicos cavalheiros, mas culpo os executivos de gravadoras que não acreditavam no poder das mulheres na música, especialmente uma mulher ligada ao ocultismo, que era uma nova revelação. Eles achavam impróprio para uma mulher estar publicamente ligada a materiais esotéricos. Eu adoro ter músicos homens no meu universo. Eu estive com muitos músicos bem conhecidos e adoro minha atual banda masculina, o New Blood Coven.

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Vicente – Por favor, em poucas palavras, o que você pensa sobre essas bandas:

Alice Cooper – O Coven fez shows com Alice antes de ele adotar o tema de terror.

 

Yardbirds – Coven fez um show com os Yardbirds pouco antes de Jimmy passar para o Led Zeppelin.

Black Sabbath – Ainda não existia quando o Coven lançou o primeiro álbum, mas tocamos com eles em Los Angeles no início dos anos 70.

Kiss – Não existia quando o Coven lançou o primeiro álbum.

Led Zeppelin – Veja os Yardbirds acima.

Jinx DawsonEu estou sendo divertida e voluntariamente sarcástica aqui, mas é que eu tenho muitas histórias sobre todas essas bandas, que estarão no meu próximo livro…

 

 Vicente – Por fim, deixe uma mensagem para todos os brasileiros que curtem o som e queiram saber muito mais sobre o Coven.

Jinx DawsonEstou muito empolgada em estar indo para o Brasil. Estou ansiosa para ver pessoalmente meus amigos queridos que conheci através das mídias sociais. E estou animada para absorver, e saber mais um pouco sobre a cultura oculta e mágica que corre nas veias do povo do Brasil. Minhas saudações a todos… \ m /

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Resenha Deicide – Overtures of Blasphemy (2018)

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Novo disco do Deicide, e todos que conhecem a banda já sabem de cor e salteado o que aqui encontrarão: Ritmo Dance contagiante, vocais angelicais e letras exaltando a glória divina.

Brincadeiras à parte, a trupe capitaneada por Glen Benton (que, pelos meus cálculos, já deveria ter partido desta vida há 18 anos, ou alguém lembra a velha lenda propagada que iria cometer suicídio no palco ao completar 33 anos, a idade de Cristo em sua morte), entrega o mesmo de sempre. O que não chega a ser uma critica, longe disso, pois demonstra convicção em suas crenças e na sonoridade proposta desde o inicio da banda, há longínquos 30 anos. Como o próprio Benton afirna: “Isso é o que eu sou. Death Metal é o que eu faço”.

“Overtures of Blasphemy” tem tudo que os fãs da banda gostam. É brutal, veloz, com riffs poderosos e bateria capaz de provocar enxaqueca, de tal rapidez. Incrível como músicos cinquentões (Glen tem 51), ou no caso dos integrantes mais recentes, quarentões, ainda consegue provocar tal avalanche sonora. Mas o Deicide continua tão pesado e blasfemo quanto era no seu principio, como a própria capa do disco pode comprovar.

Com uma produção competente, podemos destacar aqui as faixas com a cara do Deicide, “One With Satan”, “All That Is Evil” e “Defying The Sacred” (pusta solo de guitarra essa música tem em seu inicio). Aqui também tem daquelas músicas que fazem a cabeça chacoalhar, com a insana bateria do fiel assecla de Benton, Steve Asheim, como pode ser conferido em “Crawled From The Shadows” e “Consumed By Hatred”, enquanto “Destined To Blasphemy” tem aquele típico clima do Death Metal do principio dos anos 90, mais arrastada, mas igualmente assustadora. Mas a minha preferida aqui é “Seal The Tomb Below”, que tem um riff muito legal, saindo do lugar comum do Death Metal, e com isso consegue atingir até mesmo ouvidos não tão acostumados com tal sonoridade.

Resumo final de “Overtures of Blasphemy”: É um disco que vai agradar os fãs da banda, onde terá um lugar especial. E não fará diferença alguma em quem não conhece ou não curte a banda. Novamente, é uma simples questão de ponto de vista, e de que lado do muro você se encontra.

 

Nota: 8,0

 

Formação:

Glen Benton – Baixo, Vocais

Steve Asheim – Bateria, Guitarras

Kevin Quirion – Guitarras

Mark English – Guitarras

 

12 faixas – 37:54

 

Tracklist:

  1. One With Satan (3:46)
  2. Crawled From The Shadows (3:20)
  3. Seal The Tomb Below (2:57)
  4. Compliments Of Christ (2:44
  5. All That Is Evil (3:24)
  6. Excommunicated (2:55)
  7. Anointed In Blood (3:18)
  8. Crucified Soul Of Salvation (3:00)
  9. Defying The Sacred (3:30)
  10. Consumed By Hatred (3:02)
  11. Flesh, Power, Dominion (3:33)
  12. Destined To Blasphemy (2:25)

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Entrevista com a banda Amen Corner (Paraná)

foto 2 nova formação

 

Após um gigantesco hiato longe das entrevistas, retorno a essa atividade em grande nível, entrevistando uma das mais icônicas bandas de Black Metal nacional, a paranaense Amen Corner. Aqui, o vocalista Sucoth Benoth faz uma retrospectiva de toda a carreira da banda, o que o futuro reserva para eles e, principalmente, para os fãs. Conheçam mais da história do Amen Corner, e preparem-se para o que está por vir…

 

Vicente – Vamos começar lá no principio. Como foi o inicio de tudo para o Amen Corner, e, para aqueles que não conhecem a história, como chegaram ao nome da banda?

Sucoth Benoth – Salve!! Em 1992 a banda estava dando seus primeiros passos e ainda não tinha seu nome definido, eu estava na banda Curitibana Infernal desde 1987 e no início de 1992 eu fiquei sabendo que uma banda precisava de um vocalista com influências de Celtic Frost, Venom, Hellhammer, Obituary, etc. Eu liguei e marquei um encontro com eles e chegando no local encontrei o Tito e me lembrei dele pois era um grande conhecido meu devido as nossas bebedeiras de final de semana no Lino’s Bar. Chegando ao local, o restante dos membros da banda eu não conhecia, eu peguei o microfone e comecei meio que encaixar o vocal em uma música que eles estavam tocando, ela viria a ser posteriormente batizada de “The Sons of Cain” eles curtiram a forma como eu cantei e encaixei o vocal na música e acabei saindo do Infernal.  Posteriormente fizemos uma reunião, e cada um sugeriu um nome para a banda, eu acabei escolhendo Amen Corner e todos concordaram e assim nasceu a banda,  em abril de 1992.

 

Vicente – E já se vão 25 anos do lançamento de “Fall, Ascension,Domination”. Como foi essa gravação e todo o processo de composição do disco?

Sucoth Benoth – Eu tinha um sonho de gravar com a Cogumelo, a gravadora do Sepultura, Sarcófago, Holocausto, Mutilator e de tantas outras importantes bandas da época Bem, pegamos nosso 7”EP e enviamos para a Cogumelo. Não me lembro direito de todos os detalhes, já são quase 30 anos, mas acho que foi isso mesmo e, passado uns tempos, recebemos a notícia deles via ligação telefônica (naquela época era tudo por cartas ou telefone) expressando o desejo de fazer um contrato com a banda. Então a gente correu para fazer mais algumas músicas e entrar em estúdio, foi aí que surgiu o “ Fall Ascension Domination”. O processo de gravação foi rápido, nós já estávamos com quase todas as músicas prontas e bem ensaiadas, se não me engano demorou um mês para concretizar as gravações, mixagem, etc. esse álbum acabou se tornando cult e é reverenciado até hoje no Underground como uma das referências do Black Metal.

 

Vicente E depois surgiu o igualmente clássico “Jachol Ve Tehilá”. Esse foi o disco que consolidou de vez o nome do Amen Corner no cenário. Vocês já imaginavam que o mesmo teria tanta aceitação durante o processo de gravação?

Sucoth Benoth – Com o lançamento do Jachol Ve Tehilá, que é um álbum mais trabalhado e mais polido da banda, ele tem elementos de dor e de agonia, de sentimentos mais acentuados. Eu o considero um excelente trabalho principalmente nas composições, arranjos e os solos bem elaborados, sim, junto com o “Fall Ascension Domination”, o “Leviathan Destroyer”, são grandes álbuns. Durante o processo de gravação, a gente, é claro, fica sempre imaginando como será a aceitação do público em geral, e eu sempre fui bem otimista e acho que o novo sempre será melhor que o antigo, esse é meu pensamento.

 

VicenteO mais recente lançamento da banda foi “Christ Worldwide Corporation”, em 2014. Após esse tempo, como avaliam o resultado obtido com o disco, e teriam algo que gostariam de ter feito diferente nele?

Sucoth Benoth – Eu acredito que ele ficou como esperávamos, pesado, com energia, do jeito que é o Amen Corner e sua característica musical, nossa forma de tocar. Porem com uma clara evolução natural, não ficou faltando nada, nossas ideias da época foram muito bem colocadas no álbum, tanto em sua música, como na concepção das letras, e expressando bem o que queríamos no desenho da capa e também em seu DVD, contando toda a história do lançamento do Christ Worldwide Corporation e como ele foi concebido.

Foto nova formação

VicenteE os próximos passos da banda, podemos ter um novo álbum em breve. Quais os planos futuros do Amen Corner?

Sucoth Benoth – Nós já estamos em estúdio gravando o novo álbum, assinamos com a Mutilation Productions para o lançamento que deverá ocorrer agora em dezembro de 2018, se tudo correr como previsto. A capa também já está sendo elaborada bem como toda a arte do CD por Marcos Miller. O Título será: “Under the Whip and the Crown”.

 

Vicente – Vocês irão tocar no Setembro Negro. Qual a expectativa para este show em particular? E das bandas que irão se apresentar no Festival, quais são as que realmente curtem?

Sucoth Benoth – Nossa expectativa é bem grande, vamos tocar no domingo; dia 30; às 16h35min. Sim tem algumas bandas que curtimos como: Razor, Coven, Enthroned, Vulcano, Taake.

 

VicenteO Black Metal sempre foi um estilo de extremos, adorado por uns e odiado por outros. Como é viver esse estilo há tanto tempo, e como veem a aceitação do público e o espaço disponível para o gênero no Brasil?

Sucoth Benoth – Sim, sempre foi assim e sempre será. É por paixão mesmo, não tem outro jeito, por dinheiro, a gente sabe que não é, nem por modismo porque se não a gente não estaria na ativa até hoje. Eu acho que se vive o Black Metal, faz parte do nosso cotidiano, é pura paixão. O Público do Amen Corner é grandioso, apaixonado pela banda, nos respeitam e nós os respeitamos sempre. O espaço existe, existe apoio, zines, revistas, e pessoas envolvidas mesmo sem dinheiro, para que a chama nunca se apague!

 

VicenteEm poucas palavras, o que acham das seguintes bandas:

Sarcófago – Maravilhoso e inspirador enquanto durou.

Venom – Paixão eterna, inigualável!

Cradle of Filth – Nunca gostei.

Sepultura – Poderoso nos primeiros álbuns até o Beneath the Remains e com a formação original.

Burzum – Nunca gostei. Mas respeitamos.

 

Vicente – Por fim, deixem um recado para os fãs da banda e para todos aqueles que querem conhecer mais sobre o Amen Corner e apostam no Metal nacional.

Sucoth Benoth – Vicente, agradecemos pela entrevista e pelo apoio. Em breve estaremos divulgando o novo álbum e queremos fazer uma ampla divulgação em shows pelo Brasil todo e no exterior também.

Amen Corner logo

Resenha Krisiun – Scourge of the Enthroned (2018)

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E eis que estão de volta os três cavaleiros do apocalipse (algo errado neste número), com “Scourge of the Enthroned”, décimo primeiro álbum de estúdio do trio gaúcho.

Para uma banda que já lançou clássicos do Metal Extremo, como “Black Force Domain”, “Conquerors of Armageddon” e “Southern Storm”, superar, ou ao menos igualar, tais registros, é uma tarefa complicada. Mas o Krisiun conseguiu esta façanha.

“Scourge of the Enthroned” é um álbum sensacional, que rivaliza com os citados, e é muito superior ao anterior, “Forged in Fury”, que, nas palavras de Alex: “Tinha partes mais lentas e também era bastante longo. Nós estávamos por trás disso 100%, mas sem dúvida não era a essência do Krisiun”.

E o novo álbum vai pelo caminho contrario. È veloz e brutal, a marca registrada da banda. Aqui temos novamente a bateria matadora de Max, os vocais agressivos de Alex e os riffs pesados e insanos de Moyses, numa sonoridade única, soando como um convite para o final dos tempos.

É até difícil destacar faixas em um disco tão homogêneo, mas as três músicas inicias, a faixa-título “Scourge of the Enthroned”, “Demonic III” e “Devouring Faith” são imperdíveis. E ainda temos a quebra-pescoço “A Thousand Graves”, a complexa “Abysmal Misery (Foretold Destiny), e a épica Whirlwind of Immortality, que encerra o álbum com chave de ouro.

Vale ressaltar a icônica data escolhida para o lançamento: 7 de setembro. Uma data nacional para uma banda consagrada internacionalmente. E que, agora, retorna ao posto do qual nunca deveria ter saído. Como a mais importante banda extrema brasileira da história. Bem-vindos de volta.

 

Nota: 9,0

Formação:

Alex Camargo – vocais / baixo

Moyses Kolesne – guitarra

Max Kolesne – Bateria

8 Faixas – 38:07

Tracklist:

  1. Scourge of the Enthroned (5:54)
  2. Demonic III (5:01)
  3. Devouring Faith (4:19)
  4. Slay the Prophet (4:50)
  5. A Thousand Graves (4:11)
  6. Electricide (4:04)
  7. Abysmal Misery (Foretold Destiny) (3:57)
  8. Whirlwind of Immortality (5:51)

 

 

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Resenha Motorowl – Atlas (2018)

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O trabalho da banda alemã Motorowl ainda é pouco conhecido no Brasil, mas isso não reflete a qualidade de seu material, como a mesma demonstra em “Atlas”.

 

Se já havia mostrado as armas com seu debut “Om Generator”, o segundo disco é, certamente, um passo a frente em sua carreira, e tem tudo para consolidar seu nome no cenário musical.

 

Se em essência sua música é voltada para o Stoner Metal, com influencia de Black Sabbath e Pentagram, a verdade é o que Motorowl não se prende a nenhum estilo, viajando por todas as variantes do Rock e Metal, tecendo uma colcha de retalhos muito bem trabalhada. E os teclados às vezes psicodélicos funcionam muito bem aqui, sendo sem dúvida alguma um diferencial no trabalho.

 

“Atlas” inicia com “Infinite Logbook”, guiada por riffs de guitarras poderosos, ao melhor estilo do Sabbath, enquanto as duas seguintes são o exemplo de como o peso e o lado mais melódico podem conviver em perfeita harmonia, com destaque para a faixa-título, com um grande riff pesado e teclados primorosos. Já a dupla “To Give” e “To Take” são mais arrastadas, sendo que a primeira possui traços de um Rock mais moderno e Metal tradicional, enquanto a segunda tem semelhanças com o Doom Metal.

 

Não deixem o inicio mais calmo de “Cargo” enganar vocês, pois se trata da música mais pesada contida aqui. “Norma Jean”, a última faixa, é puro Candlemass, e fecha “Atlas” com muita competência.

 

No fim, a sonoridade do Motorowl pode ser comparada a uma construção feita com todo tipo de material, que pode inicialmente trazer estranheza, mas depois se conclui que é uma edificação forte e sólida. Vale a pena conferir.

 

Nota: 9,0

 

Formação:

Max Hemmann – Guitarra/Vocais

Vinzenz Steiniger – Guitarra

Martin Scheibe – Bateria

Tim Camin – Baixo

Daniel Detlev – Teclados

 

7 Faixas – 45:04

 

Tracklist:

1. Infinite Logbook

2. The Man Who Rules The World

3. Atlas

4. To Give

5. To Take

6. Cargo

7. Norma Jean

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Resenha Bellini – Bellini Rock (2017)

Capa

Após resenhar “#Rock”, do Bluyus, nada como continuar no mesmo ritmo e pode falar sobre o (Quase) autointitulado “Bellini Rock”, disco solo de estreia do já experiente vocalista e baterista Bellini, que está na ativa há duas décadas, tendo participado de uma serie de bandas durante todo esse período.

Mas, diferente do álbum resenhado anteriormente citado acima, “Bellini Rock” é, justamente, um pouco mais Rock. Guitarras levemente pesadas e um clima mais agitado dão todo aquele ar de “Banda Rock de Bar” (no bom sentido, obviamente), durante os 30 minutos de duração do álbum.

Inclusive, esse tempo mais exíguo das músicas faz com que algumas tenham até mesmo um clima “Pop/Punk/Rock”, como em “O Que Aconteceu Aqui” e “Não” sendo que “Meu Bem” carrega no peso das guitarras. ”Como Ser Sincero” é uma balada carregada de emoção e com um belo trabalho nas cordas, enquanto “Música” é uma verdadeira ode a… Música (que estranho). Ainda há espaço aqui para faixas, digamos, mais sacanas, com o maior exemplo na música “Sonho” e o álbum se encerra com “Queria Bem Mais”, uma música com um refrão perfeito e grandes guitarras.

Além disso, “Bellini Rock” tem uma produção competente, com todo o instrumental e as vozes muito bem mixadas. Talvez a contra capa do disco funcionasse inclusive melhor que a própria capa, e foi uma jogada muito legal prensar a capa da mídia como se fosse um disco de vinil. Pequenos detalhes que às vezes fazem a diferença.

É apenas mais um disco, é apenar Rock n’ Roll. Mas talvez seja justamente mais disso que precisamos nos dias atuais…

Nota: 8,0

Formação:

Bellini – Voz, Bateria
E. Damm – Baixo, Guitarras, B3, Backing
Glauber Ribat – Bateria
Dudu Chermont – Guitarra em “O que Aconteceu Aqui?” e “A Rua e a Lua”
Fred Nascimento – Violão e Gaita em “Sonho”

10 Faixas – 30:16

Tracklist:

01.O Que Aconteceu Aqui
02. A Rua e a Lua
03. Não
04. Quase Sempre Disfarço
05. Meu Bem
06. Seguir
07. Como Ser Sincero
08. Musica!
09. Sonho
10. Queria Bem Mais

Resenha Bluyus – #Rock (2017)

Capa

Mesmo afastado das resenhas há um bom tempo, de vez em quando surge um tempo para conferir e escrever sobre algo novo. E nada melhor para quebrar esse ostracismo com este “#Rock”, um ótimo disco deste Power Trio de São José dos Campos.

E o titulo cumpre o que promete: Temos aqui um Rock n’ Roll do mais alto gabarito, com o elétrico flertando o tempo todo com o lado mais acústico, fazendo com que essa junção transforme a audição em um grande prazer.

Apesar de ótimos músicos, obviamente que o vocal/guitarra Alex Bluyus chama a responsabilidade para si. E mostra ser merecedor dessa citada atenção, pois possui uma voz afinada e desfila ótimos riffs e até mesmo alguns solos muito legais.

Os principais destaques de #Rock são as mais agitadas “Bússola” e “Tudo Amor”, as mais tranquilas “De pai para Filho” (melodias certeiras), “Luz” e “Jardim”, a ótima faixa de abertura “Asas” (exemplo ideal da citada mistura do elétrico com o lado mais acústico), e “Nada Mais”, com um começo mais introspectivo, mas que possui um grande solo de guitarra e uma aura mais triste em toda sua execução.

E vale a pena destacar igualmente a parte lírica, que foge daquele lugar comum do Rock (sexo, drogas e Rock n’ Roll), tratando das cicatrizes da alma e tentam passar uma mensagem positiva e honesta. E a ótima produção do álbum também é de se citar, talvez só fazendo uma pequena ressalva a capa do disco, um pouco simples demais. Mas nada que tire os méritos do álbum.

Em uma época que tudo parece que tem que ser extremo (o mais técnico, o mais pesado, ou o mais sujo), é muito legal poder escutar algo que se baseia no mais importante de tudo: a música. E precisa mais do que isso?

 

Nota: 8,5

 

Formação:

Alex Bluyus – Voz e Guitarra

Ricardo Costa – Bateria

Euclides Bittencourt – Baixo

 

Tracklist:

1.Asas

2.Bússola

3.De Pai Para Filho

4.Jardim

5.Luz

6.Nada Mais

7.Porto

8.Promessas

9.Razões do Coração

10.Vento

11.Tudo Amor

12.Velhos e Bons Tempos

Resenha Tchandala – Resilience (2017)

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Há seis meses publiquei minha ultima resenha, e esperava ficar um bom tempo ainda nesse “ostracismo”, mas quando pintou a oportunidade de resenhar o novo disco da banda Tchandala, não tive duvidas que essa ideia seria quebrada por um bom motivo.

Já havia resenhado alguns anos atrás o disco Fear of Time (2012), e com isso sabia da qualidade inerente a esse quinteto sergipano. Mas a verdade é que “Resilience” excede qualquer forma de expectativa que se tenha. Isso em todos os aspectos.

A impressão já é das melhores ao ver a preocupação da banda com o aspecto visual do CD, com a bela capa e todos os detalhes do encarte do mesmo, sem contar a excelente produção, a cargo da própria banda, além de Marcos Franco e Dan Loureiro. Sem sombra de dúvida um trabalho de primeiro mundo.

Mas o que realmente importa é a música, correto? E “The Flame” é a demonstração do trabalho monstruoso feito aqui. Uma daquelas faixas com o carimbo de clássico já impresso, um Heavy Metal rápido, com muita melodia, solos empolgantes e um ritmo que te captura de imediato. A escolha perfeita para a abertura do disco.

E “Resilience” ainda conta com participações de peso, como Iuri Sanson (Valley of Greed), Tim “Ripper” Owens (Caesar), Patricia Sandes (Flatland) e o duo “Write me a Letter (Echoes Through the Fourth Dimension). E nesse sentido o Brasil venceu fácil a batalha, principalmente no “combate” entre os mestres Iuri Sanson x Ripper Owens. Tanto a performance do vocal do Hibria quanta a música “Valley of Greed” são mais empolgantes, obviamente não desmerecendo o ex-vocal do Priest.

Claro que “Resilience” teria as tradicionais baladas, aqui representadas pela já citada “Echoes Through the Fourth Dimension” (que conta com uma versão acústica no final do álbum) e Father’s Spirit”. Apesar da primeira ter aquele apelo de hit, pela sua estrutura, na minha opinião o show é de “Father’s Spirit”, uma música emocionante, tanto em sua composição quanto na letra, uma daquelas baladas de encher os olhos de suor. E ainda há de se destacar as ótimas “Labyrinth” e “Shadows”, uma perfeita combinação de peso e melodia.

“Resilience” é um passo a frente na carreira do Tchandala, e até mesmo do Metal nacional. Mostrando que, se feito com qualidade, pode ultrapassar as fronteiras e conquistar o mundo. Está esperando o que para comprovar isso?

Formação:

Dejair Benjamim (Vocal)
Thamise Ducci (Guitarra)
Rafael Moraes (Guitarra)
Sandro Souza (Baixo)
Pablo Rubino (Bateria)

Nota: 9,0

12 Faixas – 55:41

Tracklist:

  1. The Flame
  2. Labyrinth
  3. Valley of Greed
  4. Lamento do Velho Chico
  5. Tears of River
  6. Echoes Through the Fourth Dimension
  7. Flatland
  8. Shadows
  9. Father’s Spirit
  10. Caesar
  11. Resilience
  12. Echoes Through the Fourth Dimension

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Resenha Hellish War – Keep it Hellish (2013)

Tempos atrás tive a oportunidade de resenhar o primeiro disco do Hellish War, “Defender of Metal”. E agora realizo o mesmo com “Keep it Hellish”, mais recente disco de estúdio da banda. E é salutar notar a evolução da banda em todos esses anos. Não cometendo o sacrilégio de criticar um disco que pode se chamar de “cult”, mas a verdade é que “Keep” possui melhor produção, melhores letras e composições igualmente marcantes e mais maduras que seu debut.

Com uma formação bem diferente do Debut (apenas a dupla de guitarristas permanecem na banda) o que já é algo comum nas bandas do estilo, visto as dificuldades inerentes a todas as bandas que se dispõem a tocar e espalhar o Rock e o Metal em nosso país, sempre tão carente de cultura e de oportunidades para aqueles que circulam pelo underground, o quinteto paulista continua a destilar seu Heavy Metal tradicional (eu diria tradicionalíssimo), em mais um disco que merece muito mais aplausos que apupos.

O disco já inicia com a ótima faixa-título, na qual os vocais iniciais de Bil Martins se parecem muito com Paul Stanley (Kiss). Algumas faixas investem naquele Metal bem tradicional, de muitos riffs, solos e refrão marcante, como os casos de “Reflects on the Blade”, “Fire and Killing” e “Darkness Ride” (não deixem o inicio acústico ludibriar vocês). E grande destaque também para a derradeira e épica “The Quest”, com um certo ar dos últimos trabalhos do Maiden, e um desfecho perfeito para o álbum.

Certamente que “Keep it Hellish” é mais um belo capitulo na historia de duas décadas do Hellish War, e igualmente é a promessa que a batalha continua sempre e sempre.

Com essa resenha, encerro temporariamente as atividades, após mais de cinco anos de resenhas/entrevistas com centenas de bandas nacionais e internacionais. Por razões particulares, os próximos meses serão de novos planos, novos objetivos. Mas tudo sempre acompanhado da música que continua a mover o mundo de todos que aqui frequentam…

 

Nota: 8,5

Formação:

Bil Martins – Vocais
Vulcano – Guitarras
Daniel Job – Guitarras
JR – Baixo
Daniel Person – Bateria

10 Faixas – 67:52

Tracklist:

1.Keep It Hellish 05:14
2. The Challenge 06:06
3. Reflects on the Blade 06:27
4. Fire and Killing 07:27
5. Masters of Wreckage 05:57
6. Battle at Sea 05:11 instrumental
7. Phantom Ship 08:02
8. Scars (Underneath Your Skin) 07:12
9. Darkness Ride 06:47
10. The Quest 09:29

Resenha Chaos Synopsis – Gods of Chaos (2017)

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“Gods of Chaos” é o quarto disco da banda paulistana Chaos Synopsis, e uma nítida continuação/evolução de uma discografia cada dia mais rica e complexa. Se em seus lançamentos anteriores (“Kvlt Ov Dementia”, “Art Of Killing”, “Seasons Of Red”, sem contar Splits, Demos e Singles), a banda já despontava como um dos destaques da “nova geração”, o novo disco é uma confirmação de que são merecedores de tal honraria.

Se na parte lírica a banda continua dando show, dessa vez versando sobre os deuses do caos, guerras e destruição, trazendo um estudo de velhas mitologias relacionadas, é na parte instrumental que o bicho pega. Friggi Mad Beats continua com sua bateria ensandecida, enquanto Jairo Vaz parece que conseguiu adicionar ainda mais poder a seu gutural. E a dupla de guitarristas Luiz Ferrari e Diego Sanctus destilam riffs inspirados e pesados, e mesmo assim conseguindo trazer uma variedade interessante as músicas aqui contidas.

Com relação a música em si, algumas faixas são destaques óbvios, pois sao aquelas que já possuem o peso registrado da banda, como “Raising Hell”, “Storm of Chaos” (pusta trabalho de bateria), e “The Beast that Sieges Heaven”. “Black God” tem a participação dos poloneses Uappa Terror (Terrordome) e Wojciech Michalak, um país no qual o Chaos Synopsis desfruta de ótima aceitação. “Opposer of Gods“ é outra faixa que possui ritmo contagiante, mas o ponto alto do álbum é a estupenda “Serpent in Flames”. Essa música possui todos os ingredientes para tornar-se clássica, riffs e solos de guitarra bem encaixados, um andamento mais cadenciado e um vocal cheio de raiva (como a letra em si pede). E o disco encerra com “Cocaine”, cover da igualmente icônica banda Andralls.

Em suma, “Gods of Chaos” é mais um daqueles discos a serem aclamados como um dos melhores albuns de 2017 no Metal nacional. E demonstra que o Chaos Synopsis, se ainda não atingiu o seu ápice, se aproximou muito disso, e pode se orgulhar de ter criado mais uma obra-prima do Thrash/Death Metal.

Nota: 9,0

Formação:

Jairo Vaz – voz e baixo
Luiz Ferrari – guitarra
Diego Sanctus – guitarra
Friggi Mad Beats – bateria

10 Faixas – 41:28

Gods of Chaos – Chaos Synopsis
(Dunna Records / Black Legion Productions)

Tracklist:

  1. Raising Hell
    2. Storm of Chaos
    3. Black God
    4. Serpent in Flames
    5. Opposer of Gods
    6. The Beast that Sieges Heaven
    7. Sixteen Scourges
    8. Badlands Terror
    9. Gods of Chaos
    10. Cocaine (Andralls cover)

Resenha Hellish War – Defender of Metal (2001)

Em seus mais de 20 anos de carreira, o Hellish War já lançou álbuns que marcaram seu nome no panteão da música pesada no Brasil, e ainda continuam na estrada defendendo o tradicional Heavy Metal.

Mas aqui vamos resenhar o seu primeiro registro, “Defender of Metal”, que, na comemoração de seus 15 anos de lançamento, foi relançado e a banda também fez alguns shows especiais em celebração a data.

A capa e a produção do álbum remetem a década de 80, o auge do Metal no mundo, algo que é sentido na própria sonoridade da banda, tudo feito de forma deliberada pelos seus integrantes na época.

Já na música em si, “Defender of Metal” conta com três faixas instrumentais, sendo que a mais bem sucedida delas foi “Feeling of Warriors”, com riffs pesados e um ótimo solo. Algumas faixas contidas aqui já receberam a denominação de clássicas, como a contagiante “Hellish War”, “We Are Living the Metal”, que tem um clima parecido com o trabalho realizado nos primórdios do Helloween, enquanto a faixa-título tem algumas nuances de Judas Priest em sua sonoridade. Já “The Sign” tem um estilo mais cadenciado, criando um clima diferente que ficou bem bacana. “Sacred Sword” é total Maiden, com baixo galopante e riffs/solos bem ao estilo da trupe de Steve Harris em seus primeiros registros. Impossível deixar de citar igualmente a bela “Memories of Metal”, que em sua metade possui alguns elementos, inclusive vocais, do mestre King Diamond.

De ponto negativo, podemos citar as letras, pois trazem uma ode demasiada ao Metal, o que faz com que as mesmas fiquem na fronteira entre a defesa de um estilo musical e o caricato, ao melhor estilo Massacration (que nem era conhecido na época). E a própria sonoridade, propositalmente oitentista, mas que nos dias atuais pode soar um pouco defasada. Mas são “senões” que não tiram o brilho da obra.

No caso especifico de “Defender of Metal”, ao invés de um relançamento, seria interessante ter uma regravação do mesmo, talvez assim alcançando um resultado ainda melhor do que o contido aqui. De qualquer maneira, um bom registro que faz parte da historia do Metal nacional.

Nota: 8,0

Formação:

Roger Hammer – vocais
Vulcano – guitarra
Daniel Job – guitarra
Gustavo Gostautas – baixo
Jayr Costa – bateria

11 Faixas – 73:12

Tracklist:

1 – Into The Battle
2 – Hellish War
3 – We Are Living For The Metal
4 – Defender Of Metal
5 – The Sign
6 – Gladiator
7 – Into The Valhalla
8 – Sacred Sword
9 – Memories Of A Metal
10 – Feeling Of Warriors
11 – The Law Of The Blade

 

Resenha Guilherme Costa – The King’s Last Speech (2017)

Apesar de jovem, Guilherme Costa não é um iniciante na música, já tendo participado do Seawalker e do D.A.M, além de uma serie de bandas covers dos mais diferentes artistas e gêneros musicais.

Mas eis que o mineiro de BH resolve se aventurar em seu primeiro registro solo, intitulado “The King’s Last Speech”, e assim poder demonstrar toda sua técnica e capacidade de composição, em um EP que vale a pena ser conferido, principalmente para quem for (ou pensa em ser) guitarrista.

Com produção de Gus Monsanto e Celo Oliveira, e lançado pela Dunna Records, “The King’s Last Speech” é um disco de fácil audição, sem soar técnico e nem pretensioso em demasia, erro comum em álbuns instrumentais. Talvez a própria duração do álbum ajude para que o mesmo não se torne cansativo, mas é impossível tirar os méritos do bom trabalho realizado por Guilherme Costa.

“Come on and Play” é uma típica faixa “guitarristica”, com forte influencia de Joe Satriani e uma serie de melodias e solos muito bem sacados. “The Beginning of a Journey” é uma balada de extremo bom gosto, acertando em cheio nas belas melodias e arranjos. E a faixa que dá titulo ao EP, “The King’s Last Speech”, não nega o que o próprio nome entrega, tratando-se de uma música bem ao estilo Power Metal com aquelas nuances mais clássicas, estilo Malmsteen. Para quem é fã do cara, é outra música que acertou em cheio, mas na minha opinião é a que menos se destacou, visto que as duas primeiras trouxeram uma originalidade superior.

Certamente que 3 músicas não podem ser parâmetros para uma analise mais aprofundada da capacidade técnica e criativa de Guilherme Costa, mas sem dúvida foi o pontapé inicial para o que indica ser uma promissora carreira solo.

Nota: 8,0

Tracklist:

1-Come on and Play

2-The Beginning of a Journey

3-The King’s Last Speech